[nota: a entrevista a Ricardo Pereira foi efetuada antes do anúncio da chamada à Seleção Nacional]

21 de abril de 2015: o FC Porto cai em Munique por 6-1, após magnífica vitória no Dragão, uma semana antes. Danilo, suspenso, não pode jogar na Allianz Arena. Os focos incidem sobre Ricardo Pereira, mais do que provável substituto, mas Julen Lopetegui tem outras ideias e lança Diego Reyes.

Aos 32 minutos, com os dragões já vergados por um 3-0, Lopetegui repôe alguma da normalidade. Tira Reyes e lança Ricardo.

Em entrevista ao Maisfutebol, o jogador cedido pelo FC Porto ao Nice recorda essa noite, fala das conversas recentes com responsáveis do FC Porto e traça um cenário objetivo sobre o seu novo clube e a liga francesa.


O que sentiu ao ficar no banco em Munique e viu Diego Reyes a lateral direito?
«Estava à espera de jogar. Teoricamente, pensei eu, seria um jogo para eu entrar de início. O Danilo estava suspenso… enfim, já passou, não vale a pena falar muito sobre isso».

Entrou quando o FC Porto já perdia por 3-0. Com que espírito jogou?
«Com um espírito de ambição. Apesar do resultado ter sido mau, acho que as coisas até me correram bem do ponto de vista individual».

Foi emprestado Nice por dois anos. Porquê?
«O Nice propôs dois anos e o FC Porto aceitou. Inicialmente, o FC Porto não queria, mas o Nice insistiu. Queriam ver-me dois anos, com continuidade. Foi por isso».

Está há um mês e meio em França. Já teve contatos dos responsáveis do FC Porto?
«Sim, já falei com o Antero Henrique e deu-me os parabéns pelas boas exibições. E recebi mensagens de outras pessoas do clube».

De Julen Lopetegui?

«Bem, com o mister só falei no dia 1 de setembro, antes de sair. Desejou-me boa sorte e disse-me que tudo iria correr bem».

Não é um treinador próximo dos atletas?
«É normal, tem uma postura normal. Não é tão próximo como outros que já tive. É a maneira dele ser, acho que tenta ter alguma proximidade com o grupo».  

No FC Porto a matriz de jogo é a posse de bola. E no Nice, o que pede Claude Puel?
«Curiosamente, não é muito diferente. Também aposta na posse de bola, na paciência e na recuperação rápida após a perda. Jogámos numa tática diferente, mas os princípios sãos os mesmos, o que também me ajuda».

O Puel está há quatro anos no Nice. Que tipo de treinador é?
«Acima de tudo é um bom treinador. Tem feito um trabalho fantástico no aproveitamento da formação do Nice e já lançou 17 jogadores das camadas jovens na primeira equipa. Sabe bem como lidar com o plantel e os resultados estão à vista. Temos um plantel muito jovem e mesmo assim a equipa tem sabido comportar-se em campo».

Fale-me um pouco sobre o Nice. Que dimensão tem dentro do futebol francês?
«É um clube modesto, mas com muita história. Teve o momento áureo na década de 50 [quatro vezes campeão] e está a tentar regressar a ele. Os adeptos acompanham muito a equipa e é normal ter algumas dezenas de pessoas a ver os treinos. Há uma ligação mais próxima entre equipa e adeptos do que havia no FC Porto, por exemplo. O Porto é um clube maior».

Quais são os objetivos do Nice para esta temporada?
«Acabar na primeira metade da classificação. E os resultados estão a corresponder».

Este bom momento no Nice permite-lhe pensar já na Seleção A?
«Pensar… pensamos sempre. Mas não é um objetivo claro e imediato. Comecei a jogar agora, estou a ganhar ritmo e creio ter ainda um caminho a percorrer dentro da equipa inicial do Nice».

A liga francesa é mais competitiva do que a congénere portuguesa?
«Fisicamente, os atletas são mais bem constituídos. O estilo de jogo, aliás, privilegia a componente física. Há uma pressão maior sobre o portador da bola, essa é a maior diferença».

É possível alguém afrontar o PSG na corrida ao título?
«Estamos na fase inicial, mas o PSG é o único candidato ao título. Está num nível muito à frente dos outros».