Julen Lopetegui está «encantado» com ele. O Maisfutebol tem-se desfeito em elogios. Afinal, o que é que Rúben Neves tem?

Aos 17 anos, o menino do FC Porto afronta um cenário de profunda improbabilidade. Se a sua vida não tivesse dado uma volta de 180 graus neste verão, Rúben estaria agora a preparar a estreia no escalão júnior.

A venda de Fernando, a lesão de Mikel e a presença de Tomás Podstawski no EuroSub19 viabilizaram a sua chamada aos treinos do plantel principal. Lopetegui, que o conhecera no Campeonato da Europa de sub17, já não o deixou sair do grupo.

«Não é surpresa nenhuma. Nem para mim, nem para quem o conhece bem», afirma, sem hesitar, José Guilherme ao Maisfutebol. O treinador orientou Rúben Neves nas duas últimas campanhas nos juvenis do FC Porto.

A qualidade está lá. É óbvia. Assalta mesmo os mais distraídos. Mas José Guilherme avisa que Rúben pode dar «muito mais». «O Rúben está a competir num nível de complexidade enorme e a dar uma resposta fantástica. Tem, porém, uma margem de progressão gigante».

«É um jogador inteligente, possuidor de uma capacidade técnica notável e uma compreensão do jogo acima da média», acrescenta o técnico que com ele trabalhou nos dois recentes anos.

Um golo de Rúben Neves de penálti:




«Não gosta, não aceita treinar mal»

Rúben chegou ao FC Porto em 2005, com oito anos, depois de dar os primeiros passos no Lusitânia de Lourosa. Fez todo o percurso nos dragões - salvo uma passagem pelo Padroense, clube de Matosinhos que tem um protocolo com o FC Porto.

Desde a primeira hora, o centrocampista mostrou uma aptidão anormal para «comandar o meio-campo, ser líder». «Sempre foi um jogador para a posição-seis. Muito compenetrado, concentrado, um líder por natureza».

O perfil levou Rúben Neves a ser o capitão das várias equipas por onde passou. «Não é um rapaz exuberante, mas faz-se ouvir facilmente. Todos o escutam», conta José Guilherme.

Mesmo nos treinos, e apesar da essência adolescente, Rúben Neves não facilita. «Entra para o campo com o firme propósito de evoluir, melhorar», sublinha o ex-técnico do FC Porto.

«Sempre afirmei que ele devia estar a competir num patamar acima, superior ao que lhe é imposto pela idade. Além da qualidade que lhe é inata, o Rúben é capaz de se fazer distinguir pelo comportamento diário: não gosta, não aceita, de treinar mal».

«Passe, receção, reação à pressão: o Rúben domina tudo»

Testes exigentes, um rapaz num grupo de homens, impressões fantásticas e convincentes. Rúben Neves enche o país futebolístico de pasmo.

Além de revelar primor no passe - «curto, longo, lateralizado», - o médio defensivo tem sido chamado por Julen Lopetegui a bater cantos e livres. José Guilherme diz que é a consequência «lógica» do papel de Rúben ao longo dos anos.

«Isso sucede, lá está, pela excelente técnica individual que tem e que eu elogiava. Passe, receção, reação à pressão, o Rúben domina todos esses itens. Sem qualquer dúvida, é um atleta que merece todas as oportunidades».

Rúben Neves foi apresentado como elemento do plantel sénior. Nesta altura, Casemiro é a outra opção para o lugar mais recuado do meio-campo. A opção, talvez, prioritária. Rúben tem uma cláusula de 20 milhões de euros e está ligado ao FC Porto até 2017.

Vale a pena recordar as palavras que lhe foram dirigidas pelo Maisfutebol nos últimos jogos de preparação do FC Porto:

Rúben Neves contra o Genk:
«17 aninhos apenas, cara de miúdo e tanto futebol no corpo. Sereno, compenetrado, uma opção excelente para a posição-seis. Muito melhor do que Josué a exercer o cargo. Sabe o que faz, entrega com qualidade e bate bem os pontapés de canto. Deixem-no crescer, senhores».

Rúben Neves contra o Saint-Etiènne:
«Bom posicionamento, técnica refinada, leitura de jogo: atributos que facilmente se reconhecem em Ruben Neves. Quase marcava, em bom remate a rasar o poste da baliza de Moulin, após grande jogada iniciada por Quaresma e prosseguida por Ricardo. Saiu ao intervalo, com balanço muito positivo».