Quando Ricardo Quaresma regressou ao F.C. Porto, levantaram-se algumas dúvidas. Muito porque o extremo não foi muito feliz nas suas aventuras além portas. No entanto, assim que entrou em campo o jogador dissipou quaisquer dúvidas que ainda pudessem existir. Tornou-se um dos homens mais influentes da equipa. Mas isso não muda o passado e as escolhas que fez.

Em entrevista à «So Foot», o internacional luso admite que as opções tomadas nem sempre foram as melhores: «Tomei várias más decisões em momentos-chave da minha carreira. Isso foi culpa minha, quis fazer tudo depressa e acabei por me prejudicar.»

Apesar de ter passado por momentos menos felizes, há algo de que Quaresma não duvida: o seu talento. «Se há algo de que estou convencido e que não mudou com o tempo é que não sou inferior aos melhores. Aquilo que eles fazem eu também sou capaz de fazer. Mas é claro que o talento não chega para se conseguir uma grande carreira.»

Barcelona foi o seu primeiro destino no estrangeiro. «Não tive a paciência que deveria ter tido para aceitar que, pelo menos no início, tinha de ficar no banco», diz Quaresma, acrescentando: «Não suportava a ideia de ser substituto deste ou daquele. Foi uma postura idiota.»

«O campeonato não era para mim de todo», aponta em relação à sua passagem por Itália, nomeadamente pelo Inter de Milão. «É um tipo de futebol único, onde se arrisca pouco, onde todos devem estar atentos ao erro do adversário à espera de um contra-ataque», refere Quaresma, rematando: «Esse não é o meu estilo.»

O jogador portista admite que «não estava feliz no Chelsea», onde esteve por empréstimo do clube italiano. Quaresma recorda que foi Luiz Felipe Scolari que pediu a sua contratação, mas que este saiu na altura em que chegou, o que «fez com que fosse quase impossível jogar».

Apesar de ser «tratado como um rei» pelos adeptos do Besiktas, a sua passagem por Istambul não se resume apenas a momentos de veneração. «Depois veio outro presidente que só se preocupava com o que eu ganhava», revelou Quaresma, acrescentando: «Quando o novo presidente chegou, aceitei baixar o meu salário, mas algumas horas depois de termos chegado a acordo recebi um ultimato da direção para reduzir ainda mais. Aí percebi que era o alvo, que queriam servir a minha cabeça, e parti para a disputa.»

Depois do Besiktas veio o Al-Ahly, no Dubai. Também aí Quaresma não foi muito feliz. Depois de recuperar de lesão não voltou a jogar. Na reabertura do mercado acabou por conseguir a rescisão e assinou pelo F.C. Porto, onde voltou a brilhar. «Sou um jogador de instintos: para estar inspirado, preciso de estar feliz», apontou.

Com 30 anos, Quaresma está longe de pensar no fim da carreira. Pelo menos é essa a ideia que deixa na entrevista dada à «So Foot» e citada pelo «O Jogo»: «Fim da carreira? Ainda demora. Vejam Giggs, Zanetti, Pirlo. O meu objetivo é conseguir o mesmo que eles. Conto ainda ter dez anos de futebol à minha frente.»