O treinador-adjunto do FC Porto, Siramana Dembelé, sublinhou que o treinador Sérgio Conceição «odeia conforto» e que é «simples conviver» com o técnico dos azuis e brancos, alguém que tem «uma vontade feroz de vencer».

Em entrevista ao So Foot, o antigo futebolista e agora técnico de 46 anos traçou a personalidade de Conceição, com quem começou por jogar no Standard Liège, da Bélgica, onde também integraram a equipa técnica de D’Onofrio, antes da aventura no Olhanense em 2011/12.

«Para conviver com o Sérgio, é simples: é preciso amar e querer vencer. Ele faz aqueles que estão à sua volta quererem seguir em frente e progredir. Ele odeia conforto. Com ele, foi sempre uma busca pelo progresso. Eu diria que se sabe do Sérgio aquilo que ele quer que se saiba. Ele é muito inteligente, uma pessoa sensível e muito generosa. Ele ajuda muitas pessoas à sua volta e é muito leal. Quando ele ama alguém, não abandona por nada no mundo. É uma oportunidade imensa fazer parte do seu círculo. Acima de tudo, ele vive com as suas convicções e com uma vontade feroz de vencer. Ele vive para isso. Por exemplo, no início da época [2022/23], depois das duas primeiras derrotas na Liga dos Campeões [ndr: 2-1 com o Atlético e 4-0 com o Club Brugge], ele já estava convicto de que iríamos aos oitavos de final e avisou todos. Com isso, conquistámos o primeiro lugar do grupo», recordou.

Dembelé, que como jogador passou pelo Vitória de Setúbal em 2005/06, lembrou ainda um contacto de Sérgio Conceição para rumar a Portugal, para a que seria a primeira experiência como adjunto ao lado do treinador principal Sérgio Conceição, em Portugal.

«Depois de terminar a carreira de jogador, passei a treinador-adjunto no Standard e, sob as ordens do Dominique D’Onofrio, o Sérgio também passou a ser. Tínhamos um relacionamento muito bom e vontade de evoluir juntos. Todos nós tínhamos essa cultura vencedora. Mas quando o Standard foi comprado, decidimos deixar o clube por lealdade aos antigos. Depois de seis meses sem nada, o Sérgio passou a ser treinador principal do Olhanense e disse-me para o acompanhar para Portugal. Telefonou-me na noite de 29 de dezembro [2011] a dizer-me que tínhamos de estar em Olhão no dia 1 de janeiro, para começar esta aventura. Fi-lo sem hesitar um momento», contou.

Sobre o seu percurso como atleta, Dembelé partilhou ainda o sonho que tinha em ser «profissional» e as etapas que passou, fora do campo, para lá chegar: fez, por exemplo, o primeiro contrato profissional aos 25 anos.

«Foi tudo tarde. É a realização de muitos sacrifícios. Eu aspirava ser profissional, mas os meus pais insistiram sempre para que eu e os meus cinco irmãos fôssemos à escola. Tive de priorizar os meus estudos e, depois, trabalhar em publicidade, antes de jogar futebol, como profissional. Era um sonho real para mim e vivi-o ao máximo, todos os dias. A cereja no topo do bolo foi ser campeão com o Standard Liège, o que não acontecia há 25 anos», afirmou, lembrando ainda a altura em que conheceu Conceição no clube belga, ainda como jogador.

«Quando cheguei, já havia alguns grandes nomes no Standard. Mas o Sérgio é diferente. Ele era o ícone do clube na altura. Antes de conhecê-lo já estava impressionado, mas eu gosto de estar em contacto com as pessoas, por isso fui vê-lo, desinibido, e fiz um pouco o papel de adepto, ao pedir-lhe uma camisola. Um pouco mais tarde na época, ele deu-me uma do Inter. Ainda a tenho comigo, 16 anos depois», revelou.