A Federação Portuguesa de Futebol registou um resultado líquido de 2,6 milhões de euros no exercício de 2011/12. O Relatório e Contas será discutido e votado na assembleia geral do próximo sábado.
A FPF vai apresentar 48 milhões de euros de receitas e cerca de 42 milhões de custos. O resultado poderia ser ainda mais positivo caso a direção federativa não tivesse decidido fazer provisões para processos judiciais, alguns ainda em discussão nos tribunais.
Das receitas obtidas, uma parte substancial entra na FPF devido ao bom desempenho da seleção no Euro2012, que rendeu cerca de 16 milhões de euros. A este valor é preciso somar 12 milhões de euros de direitos televisivos dos jogos das seleções e do contrato com a marca desportiva que veste as equipas nacionais.
«Apenas 5 por cento das receitas da FPF são provenientes de contratos-programa com o Estado», afirmou Fernando Gomes em conversa com os jornalistas, esta quinta-feira. «De resto, 50 por cento desse valor segue para as associações distritais, na Federação fica apenas um milhão», sublinhou. «Por outro lado, pagamos ao Estado valores significativos», afirmou.
Os bons resultados vão levar a direção da FPF a sugerir que mais dinheiro seja passado para o futebol amador. A taxa de inscrição de atletas será reduzida a metade na III Divisão, haverá uma verba para melhorar as infraestruturas dos emblemas das divisões inferiores e as deslocações (futsal, equipas femininas, segunda e terceira divisões, além de juvenis e juniores) passarão a ser subsidiadas (30 centimos por quilómetro). A Federação pagará também o seguro de todas as jogadoras das equipas femininas, uma forma de incentivar a prática do futebol por mulheres.
Algumas destas medidas serão votadas na assembleia geral da FPF. Mas outras já estão em vigor. A taxa de arbitragem por jogo, na III Divisão, foi reduzida, o que implicou uma poupança de cerca de 400 mil euros do lado dos clubes pequenos.
Esta época foram já distribuídos cerca de 700 mil euros para equipas da II e III divisões, por via de prémios de participação na Taça de Portugal. As equipas que se apuraram para a quarta ronda vão receber 14 mil euros cada.
No total, a Federação conta passar para o futebol amador cerca de 2,5 milhões de euros. «O objetivo é fomentar a prática do futebol em Portugal», afirmou Fernando Gomes.
As dificuldades dos pequenos
Os dados da época 2011/12 não mostram quebra nos atletas federados, mas Fernando Gomes admite que há clubes a perder equipas nos escalões mais jovens. Um problema que preocupa os dirigentes da Federação. «A lei dos compromissos foi brutal, cortou muitos apoios dos clubes», salientou Fernando Gomes. «Parte significativa das inscrições de jogadores era paga pelas autarquias, como forma de fomentar a prática desportiva e agora houve cortes de 50 por cento, em alguns casos mesmo cortes totais», revelou.
O presidente da FPF também reconheceu que existe, em algumas zonas, migração de equipas federadas para o INATEL. O tema já foi conversado com o Secretário de Estado do Desporto, até porque «o INATEL recebe dinheiro da Santa Casa». Ou seja, faz concorrência ao futebol federado com dinheiro gerado a partir das competições profissionais. «Compreendemos o papel do futebol como espaço de lazer, mas aqui acontece que muitos estão a praticar desporto sem controlo médico, o que nos preocupa», salientou.
Cidade do Futebol
A boa saúde económica e financeira da FPF permitirá construir a Cidade do Futebol sem dinheiro do Estado. Dos dez milhões que vão custar as instalações no Jamor, 40 por cento chegará de UEFA e FIFA. O resto surgirá a partir de fundos comunitários do QREN. «Quando estiver em funcionamento, permitirá poupar dinheiro que hoje pagamos em aluguer de espaços para treinos e concentrações», afirmou Fernando Gomes.