Fehér morreu há 3 anos e na Luz são escassas as marcas do internacional húngaro. Todas as visitas guiadas ao estádio começam na porta 18. É lá que está o equipamento que Miklos Fehér usou no jogo de Guimarães. Um busto a recordar o avançado como que serve de homenagem ao eterno camisola 29.
Este é o início de qualquer viagem ao estádio dos encarnados. Depois segue-se a exposição «100 anos de títulos do Benfica». Lá pode ver-se uma fotografia de Fehér, um cachecol e uma pintura que ilustra o fatídico momento em que o jogador húngaro faleceu.
São estas as recordações que qualquer adepto pode ver. O que é mais íntimo fica guardado para os jogadores e staff técnico.
No balneário é onde Miki está bem presente. Mantorras, Petit, Moreira, Luisão, Nuno Gomes e Simão são os jogadores que restam da equipa onde Feher jogou em 2004. Luisão veste-se ao lado do lugar de Miklos Feher. Sim, o eterno 29 do Benfica continua com o seu cacifo no balneário.
Este é um local sagrado e antes de cada jogo na Luz os jogadores unem-se gritam o nome de Miki. Simão recorda como é: «Antes de entrarmos em campo juntamo-nos perto da foto dele e damos o nosso grito. É uma maneira de lembrar uma pessoa fantástica e também de nós ganharmos força para conseguirmos vencer. No início, quando aconteceu, tudo fizemos para sermos campeões e para lhe dedicarmos o título... É uma força interior e que faz com que todos nós possamos dar as mãos, não só pelo Miki, mas especialmente por ele, e por todos nós.»
Este ritual é para manter. Sempre. Reforça Nuno Gomes, em declarações ao Maisfutebol e à TVI: «Acima de tudo é manter viva a chama do Fehér, porque foi um colega que nos marcou e jogador que também marcou o Benfica. Era uma excelente pessoa e sentimos muito a perda dele. Foi a maneira que adoptámos e que vimos que seria a melhor para continuar a recordar o Fehér no nosso clube. Aquilo que fizemos é gritar antes dos e pouco tempo antes de entrarmos em campo é todos juntos gritarmos pelo nome dele. É esse o nosso ritual.»
Presente na memória até dos que não conheceu
A verdade é que são apenas sete os jogadores que privaram com Miklos Fehér e se mantêm no Benfica. Simão e Nuno Gomes defendem que é de forma natural que os novos são integrados neste ritual. «No momento em que aconteceu foi uma notícia a nível mundial e quase todos os profissionais de futebol sabem o que aconteceu. Sabem quem é o Miki Fehér e sentem também que foi um momento difícil e vivem isso connosco», afirma o capitão. O avançado completa a ideia: «Infelizmente temos que lhes explicar e os próprios colegas que chegam têm conhecimento. Tentam saber o porquê de ter acontecido, nós explicamos da melhor maneira possível. Eles próprios vêem, quando entram no balneário do Estádio da Luz, a camisola do Miki que continua no seu cacifo.»
Tanto o capitão como o sub-capitão do Benfica acreditam que esta homenagem irá manter-se para sempre. Bem viva. «Acho e espero que sim porque é a maneira de recordarmos e de prestarmos a nossa homenagem ao Miki e à sua família, porque foi um jogador que passou pelo nosso clube e que morreu a jogar com a nossa camisola. Acho que merece a nossa homenagem e espero que seja eterna», desabafa Nuno Gomes.
As lágrimas derramadas a 25 de Janeiro de 2004 deram lugar ao sorriso na hora de recordar o menino tímido de olhar triste. Foi assim que Simão e Nuno Gomes falaram na hora de recordar o amigo. «Ele continua entre nós. Continua a ser o nosso grito, o nosso apoio, a nossa maneira de continuarmos unidos e isso é muito importante. Jamais iremos esquecer o momento que aconteceu. O nosso grito é o Miki», reforça o extremo.
Três anos depois, Miki mantém-se vivo na memória de todos...