O Charleroi apresentou uma queixa em tribunal contra a FIFA, por «abuso de posição dominante» no que diz respeito à cedência de jogadores às selecções nacionais. Na origem da queixa do clube belga está o facto de não ter podido utilizar Abdelmajid Oulmers durante oito meses, depois de este se ter lesionado ao serviço da selecção de Marrocos.
A queixa foi apresentada no Tribunal de Comércio de Charleroi e as primeiras audições começam a 19 de Setembro. O clube belga desencadeia assim um processo que vai levar ao debate sobre um tema polémico. E não está sozinho nesta luta, uma vez que recebeu o apoio do G-14, grupo formado por alguns dos principais clubes europeus, entre os quais o F.C. Porto, que tem sido crítico sobre o tema da cedência de jogadores às selecções.
O Charleroi, que é defendido pelo advogado Jean Pierre Deprez, alega que foi lesado por ter suportado os custos e a ausência de Oulmers, que se lesionou a 17 de Novembro de 2004 e teve de ser submetido a uma intervenção cirúrgica que o afastou dos relvados por oito meses.
O clube, que também se queixa à Comissão Suíça da Concorrência, alega que vários artigos dos regulamentos da FIFA violam as disposições do tratado da União Europeia, nomeadamente por «restringirem a livre concorrência». «Pagamos ao jogador, mas não o temos à disposição. A FIFA abusa da sua posição de organizadora de encontros com futebolistas pagos por outrem», queixam-se os belgas. O Charleroi defende que os regulamentos da FIFA, no que diz respeito à cedência de jogadores, são «prejudiciais aos clubes, desportiva e financeiramente».
O G14 anunciou a sua solidariedade com o Charleroi e vai juntar-se ao processo que visa reclamar à FIFA compensações monetárias pela libertação dos futebolistas para as selecções. «Tornámo-nos uma parte interessada neste caso legal», afirma James Thellusson, porta-voz do G-14, que em 2004 apresentou uma queixa também na Comisssão Suíça da Concorrência exigindo compensação financeira pela cedência de jogadores. «É nosso objectivo clarificar de uma vez por todas a legalidade dos regulamentos da FIFA, por isso juntamo-nos ao caso apresentado pelo Charleroi», prossegue o porta-voz do organismo.