A expansão do Campeonato do Mundo de 32 para 48 equipas esteve em foco no Estoril, durante as Football Talks organizadas pela Federação Portuguesa de Futebol.

Primeiro, foi Gabriele Marcotti, jornalista da ESPN, a abordar o tema. Depois, o presidente da FIFA, Gianni Infantino, que terminou a intervenção em Lisboa a falar sobre o tema.

O dirigente tentou rebater muitas das críticas que se fazem ao modelo em causa e, basicamente, apelou a que se olhasse para os países em que, ao contrário de Portugal, o futebol não está desenvolvido.

«A expansão de equipas sempre aconteceu, temos de viver no século XXI e não como se estivéssemos no século XX», começou por dizer Infantino.

O presidente da FIFA sublinhou que teve de fazer-se «uma análise de custos/benefícios e as receitas são maiores do que os custos, o que significa que nos podemos concentrar no futebol».

Gianni Infantino respondeu àqueles que dizem que a FIFA está a pensar mais na receita e não no jogo em si. «Fomos criticados no passado quando se dizia que a FIFA devia ser governada como uma empresa, mas qualquer CEO de uma firma que gere 600 milhões de receitas adicionais seria aplaudido. Na FIFA é-se criticado», atirou, para acrescentar. «Mas isso não interessa, porque estamos a trabalhar pelo futebol.»

O suíço-italiano pormenorizou, depois, os argumentos.

«Não há ferramenta maior de desenvolvimento do futebol num país do que a participação numa grande competição de seleções», justificou.

«Não interessa investir dinheiro em campos, se ninguém lá jogar, temos de criar entusiasmo nos países, sobretudo naqueles que não vão sempre ao mundial», afirmou.

Infantino exemplificou depois as consequências de uma qualificação falhada – «o treinador é despedido, o presidente da federação é pressionado porque aquele treinador nunca venceu em lado nenhum e entre novembro e setembro do ano seguinte o ambiente é mau» - e as de um apuramento conseguido: «O treinador é o maior, o presidente um visionário porque, mesmo que o treinador nunca tenha ganhado em lado nenhum, ele sabia que era o homem certo e entre novembro e setembro a imprensa quer saber mais coisas sobre futebol, os adeptos também e os miúdos começam a registar-se em clubes e escolas.»

Em resumo, diz Infantino que «os outros países começam a sonhar, podem começar a pensar que, se começarem a investir agora, têm uma hipótese de qualificação no futuro».

Quanto à qualidade de jogo, o presidente da FIFA respondeu que na UEFA, foi aumentado o apuramento e que algumas equipas que antes se qualificavam, não se qualificaram «como a Holanda» e outras que raramente se apuravam conseguiram ir, como o País de Gales, que foi semifinalista.

Em relação à carga aplicada aos jogadores, Gianni Infantino argumentou:

«Teremos 48 equipas e este formato pode ser jogado em 32 dias… como hoje; o vencedor jogará sete partidas… como hoje; 48 equipas jogarão um mínimo de duas partidas e 32 equipas jogarão um mínimo de três jogos… como hoje; o mundial será disputado em 12 estádios… como hoje.

Por fim, o dirigente admitiu que «grupos de três equipas trazem desafios» por causa de critérios de desempate. Infantino concluiu de seguida: «E mesmo que se pense que duas equipas possam jogar para um empate conveniente, isso já terá acontecido com grupos de quatro.»