Nos três primeiros jogos do FC Porto nesta época, André André foi suplente utilizado por Julen Lopetegui. Nos últimos três, o médio de 26 anos foi totalista. São dois passos de uma mesma realidade: a de que André André demora pouco a convencer – e esta é uma realidade que define bem o seu percurso.

À 5ª jornada da Liga 2015/16 (após a estreia na Liga dos Campeões), André André encheu o campo portista no clássico com o Benfica. Nesta ronda em concreto, o médio já internacional A encheu as medidas a todos e é a figura desta jornada.

André André foi o melhor jogador do FC Porto-Benfica deste domingo. O médio foi omnipresente, como aqui já foi destacado. Esteve em todo o lado, incansável a cobrir o campo, certeiro a passar a bola – como é sua marca. E marcou o golo que decidiu o primeiro grande jogo deste campeonato cumprindo o seu «sonho» particular.



«Hoje, as pessoas que o conhecem vão estar a dizer que lhe auguravam um grande futuro.
Eu falo como amigo e como quem com ele partilhou o balneário. E como todos os que o fizeram, todos dizemos: era uma profecia que ia acontecer mais tarde ou mais cedo.»

Luís Neto não fala só deste clássico. Fala do André André que conhece desde quase sempre. «Já nos conhecemos antes do Varzim, conhecemo-nos de muito cedo. As famílias já se conheciam, já tinham contacto. Já há um bom relacionamento entre nós desde miúdos», conta ao Maisfutebol o defesa internacional português.

O jogador do Zenit São Petersburgo conhece André André como poucos outros colegas de profissão conhecem. E sabe, e explica, como poucos outros podem explicar, a concretização da profecia.



«Apesar de eu ser um ano mais velho, acabámos por jogar sempre nas mesmas alturas no Varzim. Quando eu já estava nos juniores, o André veio no último ano de juvenil jogar esse primeiro ano connosco», recorda Luís Neto descrevendo o amigo futebolista em campo: «Na formação, ele foi um jogador que a partir dos juvenis sempre demonstrou a inteligência tática. Ele raramente falhava um passe.»

«Hoje, ele tem a experiência, tem mais jogos. E hoje, eu tenho um dejá vu: ele é um update do que fazia quando era mais novo», garante o jogador do Zenit fazendo-nos recordar o que outros que também se cruzaram com André André já o tinham contado. André André foi a figura da 9ª jornada para o Maisfutebol na última época. A recuperação do que Dito recordou assim quando o médio deslumbrava em Guimarães está atualizada nos dias de hoje com o regresso ao FC Porto marcado no destino.

André André «tem uma personalidade que se identifica com o clube onde está». Os valores que ele defende são os da casa onde está», diz Luís Neto sobre «um jogador alegre, um jogador confiante», que «não é de se deixar ficar à sombra», que «nunca está satisfeito». «Ele não gosta de perder nem a feijões, nem sequer de ouvir falar na derrota», garante o defesa do Zenit.



Luís Neto recorda que o amigo do FC Porto «sempre foi bem acompanhado» e que «é muito motivado fora de campo». «Ele tem um sábio, que sabemos quem é, que o acompanha, que também passou naquela casa e que sabe muito de futebol», refere Luís Neto com o pai do seu amigo em mente: André, o antigo internacional português e médio campeão europeu de clubes pelo FC Porto.

Como amigos desde quase sempre que estão «sempre a desejar boa sorte» entre si e a «acompanhar os jogos uns dos outros», Luís Neto garante que «se estivesse em Portugal conseguiria estar com ele». «Mas, se calhar, hoje não, porque ele deve ter um dia cheio», adverte.

O momento é de celebração para André André. Luís Neto é dos que melhor compreendem isso: «Sabemos que era um sonho dele de criança, como ele disse. Acabou por ser uma felicidade enorme.» Mas o amigo do Zenit sabe também que André André «é o que ele disse ontem, sobre o dever cumprido, mas é também aquele que já está a pensar no próximo compromisso».