O resultado no Dragão frente ao Dínamo Kiev fragilizou o FC Porto no lançamento do jogo da 11ª jornada da Liga que os portistas tinham marcado para Tondela: o apuramento da equipa portuguesa para os 16 avos de final da Liga dos Campeões ficou mais complicado a um jogo do fim da fase de grupos.

O segundo golo marcado pelos ucranianos ao FC Porto no jogo de há uma semana afetou em especial a imagem de Iker Casillas, pois o que se guarda do que se viu é uma defesa menos ortodoxa e menos conseguida com a bola a entrar na baliza – um aparentemente evitável aos olhos do espectador.

A posição de guarda-redes tem esta componente ingrata. Num jogo que não corre bem no seu resultado final, o que sobressai sempre são os golos sofridos quando há defesas menos conseguidas pelo meio. Casillas evitou que o Dínamo marcasse mais cedo, como evitou que os ucranianos aumentassem a vantagem no marcador também mais cedo. Mas o que fica, volta a sublinhar-se, é o lance menos conseguido.

Ora, o inverso também acontece. O FC Porto chegou a Aveiro muito pressionado para vencer o Tondela; Casillas com uma imagem para retocar. Os dragões ganharam no regresso à Liga na ressaca da Champions. A vitória portista foi sofrida. E dependeu inevitavelmente de Casillas. O guarda-redes internacional espanhol defendeu um penálti aos 84 minutos segurando o triunfo portista até ao final do jogo.



Ter sido uma vitória difícil, pela margem mínima, ainda mais importância dá ao(s) dedo(s) de Casillas na conquista dos três pontos. E o inverso acontece sendo Casillas a figura da 11ª jornada da Liga.

Totalista no campeonato (e também na Champions), Casillas tem (quatro golos sofridos e) tido papel de relevo no registo de apenas três empates dos dragões na Liga nos dez jogos até agora realizados; quer em garantir pela sua parte a obtenção de pelo menos um ponto, ou que não seria por si que os três pontos de uma vitória deixariam de ser conseguidos – como foi o caso neste sábado.

O grito de ordem após a reposição da imagem frente ao castigo máximo do penálti foi manifestado pelo próprio.
 


O penálti defendido no jogo com o Tondela foi o primeiro do guarda-redes espanhol pelo FC Porto em jogos oficiais – defendeu outro que permitiu aos dragões levarem a melhor sobre o Valencia na Colónia Cup na pré-época.

Mas a relação de Casillas com os penáltis – pela sua defesa – data de bem longe. Nas suas dezasseis épocas de equipa principal do Real Madrid, defendeu um castigo máximo logo na primeira temporada (em jogo da Liga dos Campeões) deixando os «merengues» com 17 «paradas» a remates da marca dos onze metros – em contagem do jornal «Marca».

O jeito do guarda-redes espanhol para defender penáltis mostrou-se ainda enquanto sub-20 ao serviço da sua seleção no Mundial 1999 daquela categoria. A seleção espanhola tinha Aranzubia como titular da equipa que daria o primeiro título mundial sub-20 ao país, mas, nos quartos de final, num desempate por pontapés da marca de grande penalidade, foi Casillas o herói da geração que dominou o futebol europeu e mundial entre 2008 e 2012: defendeu dois penáltis, um deles já na fase de quem falhar perde.



Se pelo Real Madrid os desempates por penáltis não trazem boas recordações pela eliminação em 2011/12 das meias-finais da Liga dos Campeões – apesar de ter defendido os pontapés de Kroos e Lahm – os pela seleção espanhola fazem parte de caminhadas de sucesso. No Euro 2008, a Espanha ultrapassou a Itália nos quartos de final (4-2 no desempate) com mais dois penáltis defendidos por Casillas; no Euro 2012, foi a vez de Portugal perder com a Espanha nas meias-finais decididas com mais um desempate a favor dos espanhóis (4-2) e mais um «bis» de defesas do agora guarda-redes do FC Porto (contando como defesa o remate à trave de Bruno Alves).