A sua revista digitalA grande maioria dos que o viram passar uma e outra vez por Bruno César e pôr em sentido toda a defesa adversária, assistir Guedes para o segundo golo e finalizar com classe, marcando o terceiro ao Sporting – que ao intervalo colocava o marcador num escandaloso 3-0 – certamente perguntou de onde tinha saído aquele jovem prodígio.
Gil Dias é a figura da jornada 5 da Liga para o Maisfutebol e o grande destaque do Rio Ave no surpreendente triunfo por 3-1 sobre o Sporting.
Mas, afinal, quem é este avançado de 19 anos?
Para começar, podemos recordar que o jovem natural da Gafanha da Nazaré, Ílhavo, emprestado pelo Mónaco à equipa de Vila do Conde, que na noite de domingo roubou a liderança à equipa de Jorge Jesus foi dispensado dos escalões de formação dos leões quando tinha 11 anos.
Sem êxito em Lisboa, onde treinava aos fins-de-semana, intercalando com os treinos no Gafanha, Gil Dias voltou para perto de casa e foi na Sanjoanense que prosseguiu a formação entre 2008 e 2013, antes de sair para o Sp. Braga.
Recorde aqui Gil Dias (camisola 9), em ação pela Sanjoanense, em 2013:
Luís Vargas, presidente do emblema de São João da Madeira, conhece bem o talento saído dos cada vez mais profícuos escalões de formação do clube, e ao Maisfutebol revela que a venda não só foi «um bom negócio – apesar de não falar em valores concretos –, considerando que se tratava de um juvenil» como abriu caminho para uma parceria com os minhotos:
«Desde o Gil Dias, outros atletas da nossa formação com possibilidades de singrarem noutro patamar têm sido indicados ao Sp. Braga. Mas tudo começou com ele, que já em miúdo era um jogador fora do normal, não só em campo mas também fora dele, pela personalidade, empenho, raça, além de ser tecnicamente evoluído e mais alto e mais forte que os outros. Tal como por outros jogadores, o clube fez um esforço por ele: tínhamos um autocarro que garantia o transporte diário aos jovens que moravam num raio que ia desde o Porto até Aveiro. Era um custo grande no orçamento para a formação. Cerca de 15 mil euros, mas a venda do Gil cobriu largamente essas despesas.»
Jorge Mendes descobriu-o aos 15 anos
Não foi portanto de estranhar que Gil Dias começasse desde cedo a chamar à atenção de vários empresários de futebol. De um momento para o outro, a sua mãe, com quem vivia, começou a ser abordada com propostas de agentes e pediu orientação ao clube, que aconselhou o seu jovem talento, então com 15 anos, a ser representado por Jorge Mendes.
A carreira de Gil Dias começou aí a dar passos cada vez mais largos em direção aos grandes palcos. Na época seguinte, transferiu-se para os escalões de formação do Sp. Braga, onde viria a ser a grande figura da equipa que se sagrou-se campeã nacional de juniores em 2013/14, antes de assinar pelo Mónaco, que na temporada passada o cedeu ao Varzim.
Chegou a meio da época, mas ainda a tempo de marcar seis golos em 15 jogos pela equipa de Nuno Capucho, técnico que esta época passou a orientar o Rio Ave e teve como prioridade assegurar o jovem avançado que depois de se ter destacado na receção ao FC Porto na jornada inaugural brilhou a grande altura frente ao Sporting.
Pedro Santos, defesa-central e um dos capitães da equipa poveira, lembra ao Maisfutebol que a fama de Gil Dias já o precedia.
«Antes de ele integrar o plantel já sabíamos que ele era um jogador com qualidade. Já estava vinculado ao Mónaco e se eles o vão emprestando é porque acreditam nele. Além disso, tinha sido a estrela de uma equipa do Sp. Braga que conseguiu o feito de se sagrar campeã nacional de juniores (2013/14)… Mas quando o vimos treinar, ficámos ainda mais convencidos da qualidade dele. Tinha tudo: rapidez, habilidade, boa técnica… Mas também espírito de sacrifício e humildade. Gosta de ouvir os conselhos dos mais velhos… E impôs-se rapidamente na II Liga, tal como agora aconteceu agora na I Liga com o Rio Ave. Nestes jogos, contra o FC Porto e sobretudo agora contra o Sporting é que se percebe melhor a qualidade dele» explica Pedro Santos, salientando em seguida que «até os sportinguistas do plantel do Varzim ficaram contentes» com a excelente exibição de domingo.
Luís Vargas revela que também na Sanjoanense os êxitos do filho da casa são vividos com grande emoção. Aliás, os laços de afinidade do clube continuam bem presentes a cada fim-de-semana e o presidente acredita que o jogador nunca se esquecerá da ligação quase familiar que tem com o clube que desde cedo acreditou nele.
«Escolhemos o Gil para padrinho do nosso torneio de futebol de sete, que se disputou em junho, e mesmo agora, nos dias em que não tem jogo no Rio Ave, ele vem ver os nossos jogos e passa aí um bom tempo a dar autógrafos aos miúdos», afirma o dirigente, acrescentando: «Os nossos jovens da formação vêm-no como exemplo e com este êxito que está a ter acredito que seja cada vez mais um ídolo para eles.»
