A bola foi dele e ele levou-a para casa, é justo.


Carlos Eduardo deixou o Dragão este Verão, por empréstimo, ao fim de uma época em que demorou a conseguir ganhar espaço. Foi um dos jogadores que não coube no FC Porto de Julen Lopetegui e optou pela saída temporária. Quando chegou a França, disse que tinha escolhido um clube onde podia evoluir. O médio de 25 anos pegou de estaca na equipa orientada por Claude Puel e tornou-se rapidamente referência da equipa. Numa posição diferente do que jogava em Portugal, explica, «mais perto da baliza».  Os golos chegaram agora. Muitos de uma vez.

Claro, nem nos sonhos mais arrojados Carlos Eduardo imaginaria uma tarde como a deste domingo: uma tarde em que marcaria cinco golos num só jogo. «Nem quero acreditar, já tive de me beliscar algumas vezes para confirmar se não estou no meio de um sonho», disse no final.

Mas aconteceu, na goleada do Nice ao Guingamp ( 7-2). A equipa do médio português cedido pelo FC Porto até começou a perder, mas depois apareceu Carlos Eduardo. O primeiro de livre aos 12 minutos, o segundo num remate de pé direito aos 26m, o terceiro aos 43m, o hat-trick completo e, ainda antes do intervalo, tempo para fazer também a assistência que resultou no quarto golo do Nice, marcado por Alassane Plea.

A primeira parte levava cinco minutos quando, agora a passe de Plea, completou o póquer. E depois, aos 65 minutos, fez o quinto. Em francês diz-se assim, aprendeu Carlos Eduardo depois do jogo:

Em contrapartida, o Nice aprendeu uma palavra em português, para agradecer a Carlos Eduardo



O resumo do jogo, esse, está aqui


Claude Puel, o treinador do Nice, celebrava em Guingamp o seu jogo 1000 na Ligue 1, como jogador e como treinador. Saiu-lhe melhor que a encomenda, a goleada e a exibição de Carlos Eduardo, que deixa para já a equipa no sétimo lugar da Ligue 1. «Sabíamos que tínhamos potencial, faltava-nos exprimi-lo. Não tinha pedido nada de especial para o meu jogo 1000, mas foi simpático. Claro que felicito o Carlos, que soube ser oportunista e confirmou as suas qualidades», disse: «Ele tem o físico e a técnica para fazer grandes coisas. Com 15 anos, ainda é um jogador jovem e tem boa margem de progressão.»

Não é de agora a confiança que Puel deposita em Carlos Eduardo. O médio chegou a Nice no final da janela de transferências, a oficialização do empréstimo por uma época aconteceu a 1 de setembro. Já se tinham jogado três jornadas do campeonato francês, mas Puel não hesitou. Carlos Eduardo foi titular desde a primeira hora e é indiscutível no onze do Nice, mais adiantado no meio-campo, em apoio ao avançado.

No início de outubro, o treinador falava assim do médio: «É importante para nós termos jogadores humanamente interessantes, com caráter e bom envolvimento. É o caso de todos os reforços, e também do Carlos. Ele tem ainda grande margem de progressão. Pode melhorar em termos de iniciativa, de remate e de último passe. Tem tudo o conseguir. Tenho a sorte de ter o Carlos, vamos tentar utilizá-lo da melhor forma.»

Em sete jogos pelo Nice, Carlos Eduardo tinha até agora apenas um golo, um livre decisivo na vitória sobre o Mónaco da armada portuguesa. Agora juntou-lhe cinco. Na lista dos marcadores da Ligue 1, Carlos Eduardo aparece agora em terceiro lugar. À frente de um tal Zlatan Ibrahimovic, por exemplo.

A Liga francesa não via nada assim há 30 anos.
E o médio brasileiro cedido pelo FC Porto ao clube francês nunca tinha feito nada parecido, claro. Na sua primeira época em Portugal, não marcou qualquer golo em 15 jogos pelo Estoril. Na temporada seguinte, 2011/12, apontou um golo no campeonato, ainda na II Liga. Em 2012/13, já na Liga, marcou quatro golos pelo Estoril, entre os quais um bis ao Nacional.

Em 2013/14 rumou ao FC Porto e conseguiu quatro golos na Liga em 17 jogos pelos dragões, o último dos quais lançou a equipa para a vitória frente ao Sp. Braga, à 27ª jornada (3-1). Apontou mais um na Taça da Liga e outro pelo FC Porto B, em 10 jogos pela formação secundária dos dragões. Ao todo, Carlos Eduardo fez na época passada 30 jogos pelo FC Porto. Demorou a ter oportunidades com Paulo Fonseca, isso só aconteceu no final de 2013. Uma lesão pelo meio também complicou a sua época no Dragão. E com Lopetegui, neste defeso, cedo ficou claro que não iria ter espaço.

Voltando às contas dos golos. Carlos Eduardo marcou portanto mais golos esta tarde do que tinha marcado em qualquer época para o campeonato, até agora. Incrível. E dificilmente repetível, por certo. Mas um marco na carreira do médio, a dar muito bons sinais de crescimento em França. 

Alguma coisa a acrescentar?