A primeira noite de Liga dos Campeões teve uma figura maior. Yacine Ibrahimi tornou-se o melhor marcador da prova em 51 minutos, o tempo de que precisou para marcar um hat-trick ao BATE Borisov naquela que foi a maior goleada da história do FC Porto na era Champions. O argelino deu ainda maior dimensão, no palco europeu, a tudo o que já tinha prometido neste início de época, desde que chegou ao Dragão, vindo do Granada. Mas houve mais protagonistas, nomes bem conhecidos do futebol português. Reparou no que fez Juan Manuel Iturbe? E no português de Luka Zahovic, o miúdo que tramou o Sporting?

Iturbe , antes de mais, um concentrado de 26 minutos de sonho do argentino que já foi do FC Porto na outra goleada da noite, os 5-1 da Roma ao CSKA Moscovo. Marcou o primeiro golo, fez a assistência para o segundo, de Gervinho, e esteve na origem do terceiro, apontado por Maicon. Saiu lesionado, aos 26 minutos. O treinador Rudi Garcia fala em recaída de um problema muscular na coxa.

Foi o primeiro golo da Roma na Liga dos Campeões em três anos e o primeiro de Iturbe na prova, ao fim de três anos na Europa, metade dos quais passados na sombra, no FC Porto. Iturbe chegou ao Dragão em 2011 e a fama precedeu-o. Era apontado como a próxima grande descoberta argentina, rotulado de novo Messi, como tantos depois dele. Os adeptos trocavam vídeos que alimentavam a promessa e o entusiasmo crescia.

Não teve seguimento no Dragão toda essa expectativa. Teve poucas oportunidades no FC Porto, não conseguiu agarrá-las, a relação degradou-se e acabou por ser cedido, no início de 2013, ao River Plate. Voltou ao Dragão na pré-temporada, mas também não coube no plantel de Paulo Fonseca. Seguia-se Itália e o Hellas Verona. Voltou a ser feliz, jogou 33 partidas, apontou oito golos. Em maio de 2014 desvinculou-se definitivo com o FC Porto em maio, os dragões anunciavam que recebiam 15 milhões pela transferência. Em julho, o salto para a Roma de Rudi Garcia, vice-campeã italiana, num negócio de 22 milhões de euros.

E depois houve Zahovic,
Luka Zahovic. Tem 18 anos, seis deles passados na formação do Benfica. Nasceu em Guimarães, onde jogava então o pai, Zlatko. Deixou Portugal aos 17 anos, mudou-se para a Eslovénia, depois de Zlatko deixar o Benfica e terminar a carreira. As suas raízes estão em Portugal, admitiu o próprio Luka, numa entrevista recente ao jornal «Record» em que contava que mal sabia falar esloveno quando voltou ao país dos pais. A sua presença na «flash interview» desta noite confirmou o que dizia, bem como a ideia de que o seu coração ficará dividido se receber um convite da seleção nacional.

Luka não tem apenas nome, também tem talento. Está a crescer na equipa onde o pai é diretor desportivo, é o melhor marcador do Maribor. Seis golos marcados, essencialmente depois de sair do banco. Como esta noite, frente ao Sporting. Entrou em campo aos 81 minutos, em cima dos 90 minutos aproveitou o falhanço da defesa dos leões e marcou o golo do empate.