José Mourinho não quis explicar o que disse a Antonio Conte no final do Chelsea-Manchester United (4-0), depois de ver o treinador dos «Blues» puxar pelos seus adeptos, mas a palavra que ficou no ar foi «humilhação». Pode ou não gostar-se da expressão, mas é a ideia. O regresso de Mourinho a Stamford Bridge foi um pesadelo, uma catástrofe em forma de jogo.

Correu tudo mal ao United desde o início, desde o golo de Pedro Rodriguez aos 30 segundos de jogo. Ele que, curiosamente, estava naquela que foi a única derrota da carreira de José Mourinho por diferença maior do que a desta tarde: o 5-0 no Camp Nou na sua primeira época no Real Madrid, em 2010/11. Em Inglaterra, só por uma vez Mourinho sofreu quatro golos ou mais: frente ao Tottenham, em janeiro de 2015.

Os números dão a medida daquela que foi uma derrota histórica para Mourinho, num jogo que teve de resto menos carga emocional do que se admitira à partida. O treinador foi saudado por alguns dos antigos jogadores quando subiu ao relvado na altura do aquecimento, com John Terry à cabeça, mas das bancadas não chegaram grandes manifestações. A não ser no final, quando o resultado já era goleada. Aí ouviram-se coisas como «You’re not special anymore».

O United está a seis pontos dos líderes da Premier League e, desde a saída de Alex Ferguson em 2013, apenas na primeira época de Louis Van Gaal, 2014/15, a equipa começou pior a época: nesta altura são 8 vitórias, 2 empates e 4 derrotas. Não eram de agora, mas os sinais de mal-estar já são indisfarçáveis. Se não, basta ver como reagiu ao arraso de Stamford Bridge Ryan Giggs, histórico dos «red devils», indignado com os sorrisos e as trocas de camisolas dos jogadores no final. 

O City de escorregão em escorregão e cinco equipas num ponto

O escândalo do United em Stamford Bridge até remeteu para segundo plano mais uma escorregadela do rival de Manchester. O City somou o quinto jogo sem ganhar, 1-1 frente ao Southampton de Fonte num jogo marcado por um enorme erro de Josh Stones na origem do golos dos Saints, e deixou-se apanhar na frente pelo Liverpool. Como o Arsenal também não venceu nesta ronda, há três equipas com 20 pontos na frente, sendo que o Chelsea e o Tottenham têm 19 pontos. Ou seja, cinco equipas num ponto o que, segundo dados da «Marca», não acontecia por esta altura no campeonato inglês há 50 anos. Um campeonato equilibrado como nenhum outro.

A juntar a tudo isto o Manchester United e o Manchester City de Pep Guardiola, que esta semana também sofreu por sinal uma derrota por 4-0 frente à sua anterior equipa, o Barcelona, têm encontro marcado na próxima quarta-feria para a Taça da Liga. Um verdadeiro choque de depressões, embora Mourinho tenha dito que é bom ter «jogo grande» depois do que aconteceu esta tarde frente ao Chelsea.

Real e Barça sobrevivem, Atleti cai e Sevilha voa

Em Espanha, um golo de Morata a três minutos do final permitiu ao Real Madrid fechar na frente uma jornada que não foi nada fácil para os candidatos. O Barcelona só conseguiu bater o Valencia no último suspiro de um grande jogo com um penálti de Messi que Diego Alves não defendeu.

O brasileiro é rei a travar grandes penalidades, mas nunca segurou uma do argentino para a Liga. Mas já lhe negou um golo de penálti para a Taça do Rei e no sábado, seguindo a sua estratégia de desestabilizar o marcado, tratou de lembrar isso mesmo a Messi. Sem sucesso desta vez, mas vale a pena ver.

Se Real e Barça vacilaram, o At. Madrid, que tinha o desafio mais difícil, caiu mesmo. A vitória sobre os «colchoneros» deixou o Sevilha a apenas um ponto da liderança e com um de vantagem sobre o Barcelona e o surpreendente Villarreal, que se chegou à frente ao vencer o Las Palmas. Num jogo que teve o golo da semana (do ano?)

Marcou-o Kevin-Prince Boateng, esse mesmo, aquele que esteve em Alvalade mas não ficou no Sporting, uma grande sequência da equipa e uma finalização do outro mundo, que vale a pena ver e rever.

Dortmund volta a vacilar e há quem aproveite 

O fim de semana que confirmou definitivamente como este é um outubro difícil para alguns dos grandes da Europa segue na Alemanha, onde o Borussia Dortmund, ainda muito limitado por lesões, voltou a não conseguir vencer. A equipa de Thomas Tuchel soma apenas uma vitória nos últimos cinco jogos, em Alvalade, e desta vez ficou-se por um empate na visita ao então «lanterna vermelha» Ingolstadt, mesmo assim evitando a derrota nos descontos. Fecha a ronda na sexta posição, a seis pontos da liderança.

Há quem ande a aproveitar, a começar pelo RB Leipzig, que voltou a vencer e é segundo, a apenas dois pontos do líder Bayern Munique. O Hertha Berlim fecha o pódio da Bundesliga ao fim de oito jornadas.

Milan, sangue novo a fazer renascer a Serie A

Era um fim de semana de clássico e o de Itália trouxe uma notícia. Afinal ainda pode haver campeonato, depois de o Milan ter vencido a Juventus e ter ficado apenas a dois pontos da «Vechia Signora» na frente. Tal como a Roma, que já neste domingo goleou o Palermo.

O Milan não só venceu como o fez com sinais de otimismo para o futuro: o resultado foi garantido por dois adolescentes. O golo foi apontado por Manuel Locatelli, que tem 18 anos, e foi uma defesa do outro mundo de Gianluigi Donnarumma, de 17 anos, a segurar o resultado em cima do apito final.

Em sinal contrário segue o outro grande de Milão. O Inter, agora de João Mário, sofreu a terceira derrota seguida, e afundou-se na 14ª posição, a dez pontos da Juventus.

Um líder sólido, um clássico sem sal e Paris a atrasar-se

Em França já não restam dúvidas sobre a solidez do Nice, que já leva quatro pontos de vantagem na frente. Segue-se, agora sozinho, o Monaco de Leonardo Jardim e companhia, que goleou o Montpellier a abrir a ronda. O clássico entre o PSG e o Marselha, que estreava o treinador Rudi Garcia, foi insosso, terminou sem golos e os parisienses já têm seis pontos de desvantagem para o líder.