*enviado-especial ao Brasil
E é por aí que vamos.
Esta será apenas a quarta vez na história que a final de um Mundial se repete no torneio seguinte. E fica já com um dado importante: nunca o vencedor foi o mesmo. Ânimo para a Holanda, portanto. Há, contudo, uma constante que se perde: nas três «repetições» anteriores, a Alemanha esteve envolvida.
Esta é, ainda assim, a primeira vez que o reencontro é marcado muito antes de a prova começar. Nunca uma final tinha sido reeditada por capricho do sorteio, logo na primeira fase. Desta feita, agradeçam ao ranking FIFA e ao senhor que tirou as bolinhas. Nas anteriores ocasiões, foi o percurso das equipas em prova a coincidir.
A primeira vez aconteceu no Mundial de 1970, no México. Inglaterra e Alemanha tinham disputado, quatro anos antes, o cetro mundial, com vitória inglesa. Os alemães, na altura ainda RFA, vingaram-se no México com um triunfo por 3-2 nos quartos-de-final.
Os ingleses até estiveram a vencer por 2-0, mas Beckenbauer liderou a revolta germânica. Reduziu e viu Uwe Seller empatar, levando o jogo para prolongamento, quando o «bombardeiro» Gerd Muller colocou a RFA nas «meias».
Oito anos depois, a Alemanha voltou a ser protagonista de um reencontro entre finalistas. Depois de ter batido, em casa, aquela que foi, para muitos, a melhor seleção de sempre da Holanda, liderada pela magia de Johan Cruyff, os dois países voltaram a encontrar-se na Argentina, em 1978.
Na altura, o formato do Mundial contemplava duas fases de grupos e foi na segunda que Alemanha e Holanda se reencontraram. O encontro terminou empatado a duas bolas, numa toada de parada e resposta.
Abramczik marcou primeiro para os alemães, Arie Hann empatou para os holandeses, num dos melhores golos do torneio. Dieter Muller voltou a colocar a Alemanha na frente, mas René van de Kerkhof ainda foi a tempo de voltar a restabelecer a igualdade, num lance caricato em que o alemão Russmann ainda desviou a bola…com a mão.
A última vez que uma final de um Mundial foi reeditada no Mundial seguinte foi…outra vez na final. Só por uma vez na história dos campeonatos do mundo a final foi a mesma em duas edições seguidas. E mais uma vez não houve vencedor único.
Em 1986 Maradona fez do México a sua casa e bateu a Alemanha. Mas a sua Argentina sofreria a vingança quatro anos depois, em Itália, num jogo decidido num pénalti solitário de Andreas Brehme.
Espanha venceu em 2010 e a história, ainda que curta, diz que não o voltará a fazê-lo este sábado. Mas também é certo que os pupilos de Vicente del Bosque já foram habituando o mundo à ideia de que as tradições e os recordes foram feitos para serem quebrados.