«Joga e desfruta». É esse o lema que o Barça incute em todas suas equipas, uma ideia criada, construída e alimentada nas últimas quatro décadas e passada à prática há 25 anos, quando o holandês Johan Cruyff assumiu o cargo de treinador do clube.

Joan Vilá Bosch, diretor de metedologia do Barcelona, explicou no Fórum Treinador, que hoje termina na Maia, como funciona a estrutura do Barça.

Com a experiência de quem está no clube há mais de quatro décadas («entrei em 1970, com 15 anos, saí em 2001 e voltei há três anos, para assumir a pasta da Metodologia), Joan agarrou a plateia do Fórum de Treinadores com uma apresentação sistematizada e muito completa sobre o segredo do sucesso do Barça.

Fórmula Barcelona

«Joga e desfruta: é esse o nosso modelo, a nossa ideia, a nossa metodologia. Tentamos incuti-la a todos os jogadores das nossas equipas e todos os treinadores que passam na nossa casa se integram nela também», apontou.

Bosch recordou a história do Barça e destacou algumas figuras que foram importantes na construção dessa ideia. «Antes de tudo, Rinus Michels, que em 1971 passou no Barcelona, com a ideia de «futebol total», que depois vimos na Laranja Mecânica, em 1974, no Mundial da Alemanha».

Mas o momento crucial surgiu em 1988: «Johan Cruyff», exortou Joan Bosch. «A partir dele, a ideia ficou estabelecidade, desde então até agora. Joga e desfruta: para jogarmos, temos que ter bola. Construir, não destruir. Ter posse. É essa a nossa identidade».

Não foi uma adaptação fácil: «Os nossos defesas passaram mal. Os nossos defesas passaram mal. Perdemos jogos, perdemos campeonatos. Mas não abdicámos dessa identidade. Fomos melhorando. Cada vez mais nos identificámos por ter bola, por ter posse. Por jogar bem e desfrutar disso».

Guardiola, claro

Em 2008, outro momento chave: «Pep Guardiola e Paco Seirul-lo. Foi a chamada tempestade perfeita. Juntaram-se os dois melhores e, como resultado, ganhámos tudo».

«Depois veio Tito, que infelizmente não pôde seguir pela doença que sofreu. Agora, com Tata, estamos ainda em fase de mostrar ao novo treinador como funciona o clube, como se processa toda esta identidade».

Bosch revelou o organigrama do Barça. Nele, vemos que o Diretor Desportivo (Zubizarreta) tem quatro áreas adjacentes: Metodologia, Relações Institucionais, Guarda-Redes, Preparação Física.

O MODELO DE JOGO do Barcelona decorre de um ESTILO e de uma FILOSOFIA. Responde às perguntas «Onde?» (Treino), «Como?» (Conceito) e «Quando?» (Etapas). De tudo isso, surge a resposta a «O quê?» (O nosso jogo).

Obtido o modelo de jogo, chega-se à IDENTIDADE do clube.

Primeiro, os jogadores

A metodologia do Barcelona comporta quatro grandes componentes, por esta ordem de prioridades: 1) o jogador; 2) o treinador; 3) ter identidade; 4) o treino.

Os jogadores são acompanhados de forma contínua e a intenção, destaca Bosch, é «melhorar, melhorar sempre».

«O treino tem essencialmente as componentes física, técnica e tática. Mas também tem a parte emotivo-volitiva, as relações sociais, a parte mental».

O Fórum Treinador Futebol/Futsal, evento organizado pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol, reúne quase 700 inscritos, entre técnicos de nome firmado, jovens treinadores, alunos e outros agentes desportivos.

O certame, que termina hoje, na Maia, terá como ponto forte o painel que reunirá os três treinadores portugueses presentes no Mundial-2014: Paulo Bento (Portugal), Carlos Queiroz (Irão) e Fernando Santos (Grécia).