«Só eu sei por que não fico em casa», costumam gritar os adeptos do Sporting. Pois bem, depois desta final da Taça de Portugal fica uma lição para «leão» registar: tão importante quanto ir ao estádio é ficar até ao fim.
 
A equipa de Marco Silva teve dois golos de desvantagem para o Sp. Braga, e ainda um jogador a menos em campo durante cem minutos, mas mesmo assim conseguiu erguer a Taça de Portugal. Chegou ao empate com dois golos nos minutos finais do tempo regulamentar e depois superiorizou-se no desempate da marca de grande penalidade.
 
Rui Patrício ergueu a 16ª Taça do Portugal para o Sporting (iguala o FC Porto), mas isso só viram os adeptos leoninos que acreditaram até ao fim.
 
O Sp. Braga sai do Jamor com a sensação que até chegou a tocar no troféu, mas não o leva para o Minho. Ainda assim a equipa de Sérgio Conceição merece o carinho dos seus adeptos pelo contributo que deu para uma das finais mais emocionantes de sempre.
 
O peso das questões laterais (ou nem tanto assim)
 
O Sporting entrou melhor no jogo, com Nani desde logo a pegar na batuta e a deixar o primeiro aviso com um pontapé de longe que passou perto, mas as intenções leoninas foram abaladas logo ao primeiro ataque bracarense. Djavan ganhou um ressalto a Cédric, embalou pela esquerda, ultrapassou Paulo Oliveira e quando se preparava para rematar foi derrubado por Cédric, que tinha recuperado posição. Penálti para o Sp. Braga e cartão vermelho para o lateral leonino. Chamado à conversão, Éder não desperdiçou (16m).

Com um golo de desvantagem, Marco Silva entendeu que o melhor era recompor a defesa: prescindiu de João Mário e lançou Miguel Lopes. Naquela que terá sido a primeira intervenção no jogo, o lateral direito foi desarmado por Rafa em zona defensiva e permitiu que este fizesse o segundo golo bracarense. Um golo nascido de um pontapé de canto a favor do Sporting, com o Sp. Braga a mostrar-se cínico nas transições, uma vez mais.
 
Pelo meio também o lateral direito do Sp. Braga foi protagonista. Baiano cometeu duas faltas seguidas para cartão amarelo, mas só viu cartão amarelo na primeira. Marco Ferreira perdoou-lhe a expulsão, e foi em inferioridade numérica que o Sporting teve de ir à luta.

Destaques dos «leões»
 
Após a alguns minutos a recuperar do choque, o Sporting começou a reagir quando Slimani entrou no jogo. O avançado argelino teve três ocasiões ainda antes do descanso, mas o Sporting definia mal no último terço.
 
Aquele lugar comum que diz que a esperança é verde
 
Para o início da segunda parte esperava-se uma reação forte do Sporting, a tentar marcar cedo para reavivar o encontro, mas tal não se verificou. Com o conforto do resultado e da vantagem numérica, o Sp. Braga apostou na coesão e conseguiu controlar o ataque leonino.
 
Isto sem que a equipa de Sérgio Conceição deixasse de procurar as transições rápidas, método pelo qual construiu as primeiras ocasioes de perigo da etapa complementar. Rui Patrício começou por impedir que um cruzamento rasteiro de Pardo chegasse a Éder, e depois desviou por cima da barra um remate do internacional português (51 e 60m).

Destaques dos «arsenalistas»
 
O Sporting parecia derrotado do ponto de vista anímico e limitado do ponto de vista físico, e a dada altura os adeptos leoninos brindaram mesmo a equipa com uma assobiadela generalizada.
 
A reação começou a sentir-se já depois da entrada de Carlos Mané para o lugar de Carrillo (54m), mas conduzida na mesma por Nani. Numa primeira ocasião até fica a ideia que a intenção era servir Slimani, mas certo é que a bola passou bem perto do poste. E depois valeu ao Sp. Braga os reflexos de Kritciuk (64 e 71m).
 
Os «arsenalistas» responderam com um remate de longe de Mauro, mas o ascendente do Sporting era evidente. Um corte providencial de Aderlan Santos tirou uma soberana oportunidade a Slimani, mas por esta altura a grande figura do encontro era mesmo Kritciuk, que logo a seguir brilhou com duas intervenções (76 e 83m). A segunda dos quais de Montero, o último trunfo lançado por Marco Silva (sacrifricando o primeiro, Miguel Lopes).
 
Ainda assim foi uma falha de comunicação entre Kritciuk e Baiano que reacendeu a esperança leonina. O defesa cortou a bola para a entrada da área, quando o guarda-redes estava a chegar ao limite da área, e Slimani aproveitou para marcar.
 
Faltavam cinco minutos para o fim e muitos adeptos leoninos já tinham abandonado o Jamor (e outros tantos estavam a caminho da Porta da Maratona e voltaram para trás). O Sporting recuperava a fé.
 
O Sp. Braga reagiu, com um remate de Éder para defesa de Rui Patrício, mas por esta altura estava encostado às cordas e com dificuldades para aguentar os golpes. O jogo estava já em período de descontos quando o empate surgiu: pontapé longo para a área, falha de Aderlan a calcular o tempo de salto e Montero a aproveitar. O remate até é defendido por Kritciuk, mas a bola ressalta depois no corpo do colombiano e volta à direção da baliza.
 
No prolongamento o Sporting apareceu com natural ascendente psicológica, mas os trinta minutos adicionais foram a tradicional tortura para jogadores a disputar o último jogo de uma longa época. Sobretudo para o Sporting, claro, pela circunstância de ter ficado muito cedo com apenas dez jogadores.
 
O Sp. Braga também acabou o jogo com apenas dez elementos, mas a expulsão surgiu apenas ao minuto 115, com Mauro a ver o segundo cartão amarelo. O prolongamento teve uma oportunidade clara para cada lado – remate ao lado de Nani (98m) e remate de Agra para defesa de Rui Patrício (115m), mas ninguém desfez o empate.
 
A decisão ficou para as grandes penalidades, e aí o Sporting foi claramente melhor. Rui Patrício defendeu um (de André Pinto), e dois jogadores bracarenses atiraram ao lado (Éder e Agra). Sete anos depois o emblema leonino tem mais um troféu para o museu.

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