A história demonstra-nos que os Europeus não são para miúdos e que, raramente, um jovem com 21 anos ou menos consegue ser o centro das atenções nesta competição. Certamente o leitor estará a pensar em Cristiano Ronaldo – é verdade –, mas o craque português é um raro exemplo de um «menino prodígio» que conseguiu a proeza de ser figura num Campeonato da Europa.

Podemos juntar o nome de Benzema, Arda Turan e Rakitic, que surgiram em 2008, o de Robben, que também se evidenciou em 2004, mas, para encontrarmos outros jogadores que surgiram num Europeu e que fizeram dele o primeiro palco internacional, com importância para o coletivo, temos de recuar até 1988, para assistir à estreia de Paolo Maldini pela Itália. Tinha 20 anos e já era titularíssimo no AC Milan, quando no Europeu da Alemanha se impôs na squadra azzurra.

Antes disso, Bernd Schuster e Matthäus, com 20 e 19 anos respetivamente, apareceram no Euro 1980 em Itália. Depois da competição, Schuster rumou mesmo a Barcelona, após uma grande época em Colónia.

Há pouco espaço para os mais novos, que terão de aproveitar as oportunidades que lhes forem concedidas para agarrarem o lugar. Com Cristiano Ronaldo foi assim, com Robben, Rakitic e Benzema também; já que não começaram os torneios a jogar e saíram dos eventos com o seu espaço garantido.

Agora que as seleções para o Euro 2016 estão definidas, o MaisFutebol fez o ponto da situação sobre jovens que começam a impor-se nas suas seleções e que podem chegar ao verão e deslumbrar, afirmarem-se e dar o salto para clubes de topo do Velho Continente.

Escolhemos dez jovens jogadores, já internacionais, abaixo dos 21 anos, que acabaram os apuramentos a jogar ou que foram opções neste últimos amigáveis e cuja performance nas suas equipas dá garantias para brilharem no Europeu de França.

Esqueça se está a pensar em Sterling, Harry Kane, ou Kovacic. Esses já explodiram, estão nas «bocas do mundo» e são reconhecidos por todos. Estes, aqui, estão à procura da fama já anunciada e de serem grandes protagonistas pela primeira vez.

Apresentamos este ranking atribuindo ao primeiro classificado as maiores probabilidades de ser a revelação do Europeu, numa análise baseada nos minutos de jogo pelas seleções, na importância nas suas equipas atuais e no potencial que lhes é reconhecido. Para aguçar o apetite, fica a dica: há dois portugueses!



10º Leroy Sané – Schalke 04 – 1 internacionalização/0 golos

É a mais nova esperança alemã e Joachim Löw aproveitou a última pausa internacional para dar-lhe a estreia na Mannschaft. Frente à França, no trágico dia dos atentados em Paris, Sané, de 19 anos, entrou e jogou meia-hora no Stade de France.

É certo que a seleção alemã tem muitas e boas opções, sobretudo ofensivas, mas o jovem do Schalke 04 tem aspirações a entrar na convocatória para o Euro. Leroy Sané tem sido um dos melhores elementos da equipa germânica, com cinco golos em 18 jogos, 10 deles como titular.

Joachim Low esteve atento, deu-lhe esse prémio da primeira internacionalização e o médio ofensivo poderá não sair mais da convocatória, se continuar a este ritmo. Sente-se como um «peixe na água» nas linhas, mas também pode desequilibrar no meio. Possui uma excelente meia distância, uma técnica apurada e uma maturidade fora do comum.

Estreou-se aos 17 anos pela equipa principal do Schalke 04, na época de 2013/14, e na temporada seguinte já foi opção regular. Nesta época é titular e os «tubarões europeus» já andam de olho nele. O Liverpool e o Dortmund têm sido os mais interessados na sua aquisição.
Vai dar muito que falar este «miúdo».



9º Kingsley Coman – Bayern Munique – 2 internacionalizações/0 golos

Kingsley Coman, de 19 anos, estreou-se também nesta pausa internacional pela França, depois de começar a impressionar no Bayern Munique. Formado no PSG, foi contratado em 2014/15 pela Juventus e, nesta temporada, está emprestado à equipa de Pep Guardiola.

É um extremo habilidoso que por vezes peca pelo excesso de individualismo. É um desequilibrador e se melhorar a capacidade de definir os momentos de finta e de objetividade pode tornar-se um dos melhores extremos do mundo. Não lhe faltam «professores» na Alemanha, já que pode aprender com Robben, Ribéry e Douglas Costa.

Na Juventus, viu reduzido o seu espaço temporada, já que Massimiliano Allegri voltou ao 3-5-2, tática na qual os extremos perdem importância. Tem 11 jogos pelos bávaros, dois golos marcados e tem três assistências na Champions League.

A sua subida de rendimento valeu-lhe a chamada de Didier Deschamps e a falta de extremos puros nos bleus, juntando a grave lesão de Fékir, pode ser uma vantagem para si. Resta continuar com as suas performances e ir maturando com os conselhos de Guardiola e dos experientes colegas de equipa. Será o futuro da França.



8º Gonçalo Guedes – Benfica – 2 internacionalizações/0 golos

É a nova coqueluche dos encarnado e tem sido a revelação desta temporada. Os 13 jogos de águia ao peito, com quatro golos marcados, chamaram a atenção de Fernando Santos que o convocou para os dois últimos particulares. Foi titular com a Rússia e esteve perto de marcar.

A concorrência é grande com Ronaldo, Nani, Quaresma ou Danny, mas o jovem do Benfica pode sonhar com uma presença em França se continuar com este rendimento. Faz 19 anos ainda neste mês e pode imitar CR7 que alinhou com essa idade no Euro 2004.

É um extremo que não se perde em fintas, que é muito maduro para a idade que tem, é inteligente posicionalmente e ajuda muito a equipa no plano defensivo. Tem boa finalização e é forte em diagonais de fora para dentro. Pode acrescentar qualidade à Seleção.

É sem dúvida um jovem a ter em conta para o futuro do conjunto das Quinas, mas Fernando Santos pode contar já com ele para 2016. A Europa do futebol também já anda de olho nele.



7º Arkadiusz Milik – Ajax – 22 internacionalizações/10 golos

Titular indiscutível na seleção polaca nesta qualificação, Milik tem no Europeu de 2016 uma oportunidade para se mostrar ao mais alto nível e comprovar o que tem feito no campeonato holandês ao serviço do Ajax.

Avançado de raiz, na Polónia vê-se obrigado a descair para o flanco já que Lewandowski é dono e senhor do lugar, mas não é isso que faz o jovem de 21 anos perder preponderância. Fez seis golos em nove jogos no apuramento e foi determinante no trajeto da sua seleção.

Na Holanda, brilhou na época transata com 23 golos em 34 jogos e começou da melhor maneira 2015/16 fazendo balançar as redes sete vezes. Tem faro de golo, é móvel e muito objetivo e será, se nada lhe acontecer, uma das figuras da seleção comandada por Adam Nawalka, sempre na sombra do goleador Lewandowski. Será, sem dúvida, o seu sucessor na posição mais avançada do ataque.



6º Embolo – Basileia – 7 internacionalizações/1 golo

Um extremo virtuoso, objetivo e com faro de golo. Aos 18 anos, Embolo é a figura do Basileia e aos poucos começa a entrar na seleção suíça. Com Stocker e Shaquiri tem sido difícil assumir a titularidade, mas até junho vai lutar por conquistá-la e, no mínimo, será sempre a opção para substituir qualquer um deles.

As sete internacionalizações que tem foram em 2015 e só uma vez foi titular, frente a São Marino, na partida em que fez o único golo com a camisola dos helvéticos.

Ao serviço do Basileia tem já 19 jogos e oito golos marcados e, para quem não o conheça, basta recordar o jogo em Belém para a Liga Europa entre o Belenenses e o campeão suíço. Foi o melhor em campo, marcou um golo e ganhou o penálti para o outro. É um verdadeiro quebra-cabeças para as defesas contrárias e pode ser um trunfo para o selecionador Vladmidir Petkovic.



5º Dele Alli – Tottenham – 4 internacionalizações/1 golo

É a maior revelação da Premier League. No ano passado estava a lutar para subir ao Championship (o segundo escalão inglês) ao serviço do MK Dons e, neste ano, já disputa os lugares cimeiros da Liga Inglesa, no Tottenham, de Mauricio Pochettino.

Tem 19 anos e já compõe a base do meio-campo dos Spurs, tendo alinhado em 16 partidas, 12 delas como titular, apontando dois golos. É um número 8 box-to-box incansável, muito tecnicista e com visão de jogo. É um organizador e é ao mesmo tempo exímio no processo de recuperação do esférico. A meia distância é também um trunfo que usa várias vezes.

Aparece numa altura em que a Inglaterra está com défice naquela posição, depois da saída de Gerrard e Lampard, e isso pode ser um ponto a seu favor, apesar da juventude. Roy Hodson tem testado o médio e tem gostado do que tem visto. Concedeu-lhe pela primeira vez a titularidade no particular com a França e Alli correspondeu, marcando um golaço.

Pode ser ele o jogador de ligação entre a defesa e o ataque inglês no Euro 2016, caso continue a mostrar as suas credenciais no seu clube, o Tottenham. Já mostrou que tem uma maturidade acima da média e que está à altura dos desafios. Bela surpresa que Mauricio Pochettino desencantou!



4º Ozan Tufan – Fenerbahçe – 20 internacionalizações/1 golo

Um médio defensivo com muita qualidade, que despontou no Bursaspor e que nesta época assinou pelo Fenerbahçe. É já um titular indiscutível da seleção turca, alinhando nos 10 jogos de qualificação para o Europeu, ora ao lado de Mehmet Topal ora de Ozyakup.

Aos 20 anos, conta já com 20 internacionalizações e terá no Euro 2016 a sua primeira prova de fogo internacional. Na equipa de Vítor Pereira, nesta temporada, fez 11 jogos, cinco como titular devido à forte concorrência, tendo ainda jogado uma partida pelo Bursaspor. Na época transata realizou 46 encontros e marcou 3 golos.

É o médio mais posicional do duplo pivot turco tendo especialmente tarefas defensivas. É forte a travar investidas adversárias e muito bom a posicionar-se de modo a levar a melhor sobre os rivais. Há muita margem de progressão e maturidade neste menino. Não vai dar nas vistas pelos golos ou pelas fintas, mas, para os mais atentos e para os que gostam de tática é um jogador a ter em conta.

Aproveitará, certamente, o torneio para se evidenciar e tentar voos mais altos, já que potencial não lhe falta.



3º Ross Barkley – Everton – 19 internacionalizações/2 golos

É um talento puro e aquele jogador que, às vezes, irrita os adeptos por parecer que está alheado do jogo. Com a bola nos pés é um portento, sem ela tem muito a melhorar, embora com Roberto Martinez, no Everton, tenha evoluído nesse aspeto.

Ao serviço dos toffees, nesta temporada já marcou quatro golos, em 15 partidas, e tem aumentado a sua importância na equipa de ano para ano, ele que apareceu na primeira equipa do Everton aos 18 anos.

Já esteve no Mundial do Brasil, mas foi somente suplente utilizado nas três partidas. A partir daí tem sido escolha regular de Roy Hodson, apesar de não ser um titular absoluto. Se mostrar empenho e se a sua qualidade se soltar pode ser o motor da Inglaterra e o apoio que Rooney, Sterling e companhia precisam. Se não, terá de contentar-se com alguns minutos.

Que pode ser uma das figuras da seleção inglesa é indiscutível, se o vai ser, só de si depende.
Depois da aprendizagem do Brasil, França pode ser o lugar para a sua afirmação internacional. Basta querer!



2º Hakan Çalhanoglu – Bayer Leverkusen – 16 internacionalizações/4 golos

Tem 21 anos, mas há muito que se ouve falar dele. É a segunda figura da seleção turca, atrás de Arda Turan, e irá aproveitar o Europeu para confirmar o talento que tem demonstrado na Bundesliga, ao serviço do Leverkusen. Pode jogar no apoio ao avançado ou nas linhas e tem como maior trunfo o seu poderosíssimo remate.

Na Turquia, de Fatih Terim, joga na direita, mas surge muitas vezes no centro do terreno, dando a linha ao lateral. É um desequilibrador, difícil de marcar e um quebra-cabeças para qualquer defesa. Tem nas bolas paradas outra das suas qualidades: é exímio em livres, batendo sempre em força.

Fez sete jogos da qualificação para o Euro 2016 e marcou quatro golos. É imprescindível para a seleção turca, que é jovem e que pode causar surpresa, no próximo ano. Ao serviço do seu clube, já alinhou em 20 jogos e marcou cinco golos, num ataque que conta com Kiessling e Chicharito Hernandez. Vai fazer as redes balançar no Europeu de França.



1º Bernardo Silva – Monaco – 5 internacionalizações/0 golos

Tem cinco internacionalizações A, todas em 2015. Quatro delas são como titular (só foi suplente com a França) e foi aposta nos jogos decisivos com Albânia e Dinamarca, que deram o apuramento ao conjunto de Fernando Santos.

Foi a aposta deste ano do selecionador, com sucesso, num esquema que será, ao que tudo indica, o utilizado em terras gaulesas: Nani na esquerda, Ronaldo no meio e Bernardo Silva na direita.

O jovem do Monaco é um 10 por natureza, mas já não estranha as laterais, sobretudo a direita, onde pode fazer valer o seu pé esquerdo e a sua excelente técnica de remate quando entra para o meio. Demonstrou nos jogos em que foi chamado que pode criar desequilíbrios com as suas movimentações da linha para o centro e, apesar da sua baixa estatura, não foge ao choque e aparece na área para tentar finalizar.

Ao contrário dos nº10 de outros tempos, é um jogador que ajuda defensivamente e que dá o equilíbrio necessário à equipa. É exímio a construir jogo e pode ser fundamental a desenhar os contra-ataques nacionais, caso Portugal jogue com o bloco mais baixo, como tem feito.

Foi o melhor, a par de William, no Euro sub-21 e agora pode brilhar ao mais alto nível. Se os «tubarões» já andam de olho, boas performances em França podem levar o pequeno Bernardo a voar ainda mais. Nesta temporada, ao serviço dos monegascos, leva 18 jogos, 14 como titular, e já marcou três golos. É cada vez mais uma certeza nacional!