As greves que assolam a França estão a inquietar os organizadores do Euro2016 de futebol, num dia em que o protesto dos trabalhadores bloqueou em Paris o comboio que transporta o troféu.
«É um assunto sobre o qual não temos controlo, mas que nos preocupa», disse Jacques Lambert, presidente do comité organizador, durante uma conferência de imprensa em Paris, a dois dias do jogo de abertura do Euro 2016 entre a França e a Roménia, no Stade de France.
Esta quarta-feira em Paris, na estação Gare du Nord, trabalhadores dos caminhos-de-ferro bloquearam o comboio do Euro, uma composição que tem percorrido as cidades-sede da prova com a taça a bordo.
O habitual é que os adeptos possam tirar fotos com o troféu, mas, por questões de segurança por causa dos trabalhadores em protestos, o comboio foi fechado. Após algum tempo de indefinição, foi decidido que não seria aberto ao público esta quarta-feira, e voltou a deixar a Gare du Nord.
Ce matin en gare de PNO devant le train de l'Euro foot. pic.twitter.com/JCP4gz2FPN
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avec @UnionSolidaires @SUD_Rail_Offici pour accueillir l'arrivée du train de l'euro à #GareDuNord pic.twitter.com/5Si479AEN6
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Paris: Le train de l'Euro bloqué gare du Nord, suite a une action anti-loi Travail. |@menominee1812 pic.twitter.com/fj0Al5LrYN
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Enquanto dois milhões de visitantes estrangeiros são esperados na França para o Euro2016, que se disputa entre 10 junho e 10 julho, o governo francês tenta minimizar os efeitos da agitação social causada pela reforma do direito do trabalho, a qual pode afetar o movimento de adeptos entre as dez cidades que serão palco dos jogos.
A greve do SNCF (Sociedade Nacional dos Caminhos de Ferro de França) foi remarcada para quinta-feira, enquanto a mobilização no setor dos resíduos se mantém - e os efeitos são visíveis pelas cidades - e os sindicatos dos pilotos da Air France apelam à greve marcada para sábado, dia 14 de junho.
Jacques Lambert considerou que tudo o que afeta a mobilidade do pessoal da organização, das equipas e dos adeptos vai em sentido oposto ao que seria desejável: «Vamos ter de nos adaptar e temos feito isso nestes últimos dias. As equipas da organização passam o tempo a fazer e refazer reservas, alterar bilhetes».
Em 1998, Jacques Lambert foi diretor-geral do comité organizador do Mundial de França, que esteve sob a ameaça de uma greve dos pilotos da Air France, e disse que iria estar «muito atento» ao que vai acontecer naquela companhia aérea a partir de sábado.
«Não é uma situação agradável e lamento-a. Infelizmente, não temos qualquer influência sobre esses movimentos sociais», desabafou Jacques Lambert, que ainda se lamentou do mau tempo que tem assolado a França nos últimos dias.
Lambert aludiu a tempestades severas em Lyon e Lille e não descarta a possibilidade de alguns relvados «poderem ficar impraticáveis para jogar», o que poderia implicar «a transferência de alguns jogos para outros dias e outros estádios».
O presidente do comité organizador disse ainda que desconhece «ameaças concretas« contra a prova que se inicia na sexta-feira, mas reconheceu que a ameaça terrorista o forçou «a mudar muitos planos».