Rui Oliveira foi um dos oradores no seminário «Proibição de Fundos de Investimento no Futebol: Consequências e Alterações», que se realizou na tarde desta sexta-feira na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Com longo historial na formação, Rui Oliveira exerceu funções de consultor no Benfica Starts Fund e no Sporting Portugal Funds, criado pela ESAF- Espírito Santo Fundos de Investimento Mobiliário.

Ao longo do debate, o técnico aceitou recordar explicar o funcionamento desses fundos que, salienta, estavam devidamente regulamentados.

«Desde setembro de 2009, eu e Carlos Dinis fomos consultores do Benfica Starts Fund e do Sporting Portugal Funds. Estes fundos não estavam sediados em Inglaterra nem tinham empresários envolvidos», salientou, não deixando de brincar com a situação atual: «Apesar de estar moribundo, o fundo do Sporting ainda é regulamentado pela CMVM.»

Abordando a temática central do seminário, Rui Oliveira mostrou-se preocupado com o futuro: «Os clubes da América do Sul e da Península Ibérica não vão viver sem os fundos, se calhar vão encontrar alternativas menos claras que os fundos. Os bancos que emprestavam dinheiros aos clubes fecharam a torneira, o principal patrocinador também….»

«Premier League será a NBA e Portugal será Liga Universitária»

Feita a análise, o consultor dos fundos de Benfica e Sporting foi levantando a ponta do véu sobre o trabalho que desenvolveu.

«O fundo do Benfica tinha valor de 40 milhões, o do Sporting de 15 milhões. Um dos problemas dos consultores foi, por exemplo, ter de gastar precisamente esses 40 milhões, levando a que acabassem por ser adquiridos direitos de jogadores que acabaram por não ser mais-valias.»

Carlos Dinis e Rui Oliveira faziam uma avaliação de todos jogadores e nem sempre estavam em acordo com a avaliação dos clubes: «Houve casos de jogadores em que o clube dizia que valiam 15 e nós considerávamos que valiam 5.»

«Fazíamos a avaliação de todos os jogadores dos 16 até aos 26 anos. Eu estava responsável pela parte do Benfica, o Carlos Dinis do Sporting, mas dávamos opiniões para ambos os clubes. Os atletas eram avaliados quer em treino, quer em competição. Depois pesquisávamos bastante para determinar que tipo de valores e que tipo de mercados teriam», explicou.

Rui Oliveira apresentou um exemplo curioso. «O Óscar Cardozo, por exemplo, nunca seria transferido para Real Madrid, Barcelona ou Manchester United, simplesmente porque não tinha perfil para esses clubes.»

«Tivemos bons investimentos como foi o caso do André Gomes. Comprámos 20 por cento por 800 mil euros e ele acabou por ser vendido por 15 milhões de euros, o que permitiu um lucro enorme», salientou.

Presente no seminário e com uma posição contestatária, o presidente do Sindicato de Jogadores questionou Rui Oliveira sobre o défice final dos fundos de Benfica e Sporting. «O fundo do Benfica acabou por ser deficitário, numa verba pequena, porque o prazo terminou e os investidores devolveram as participações ao clube. Essa foi uma decisão dos investidores, que não controlo», salientou o consultor, perante a dúvida de Joaquim Evangelista.