João Leal, diretor do departamento jurídico da Federação Portuguesa de Futebol, deu um contributo importante para o seminário em torno da proibição de Third-Party Ownerships (TPO) – partilha de passes com terceiros -, que decorreu nesta sexta-feira na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

O responsável federativo começou por explicar que o «grupo de trabalho que analisou este tema durante meses» teve «um representante português, Daniel Lourenço.»

«Por exemplo, a FIFA fez um estudo global do impacto do TPO e chegou-se à conclusão que apenas 9,68 por cento das transferências a nível mundial estavam sujeitos a TPO», frisou.

João Leal estabeleceu as diferenças entre a presença de fundos em Portugal e em outros países. «Para nós é uma forma de financiamento mas aqui é tudo claro, os clubes têm SADs cotadas em bolsa, com contas declaradas e regulamentadas. Mas isso não acontece em 99 por cento dos países. Não acontece no Leste da Europa, no Brasil, etc.»

O diretor do departamento jurídico da Federação, ainda assim, reconhece que ingleses e alemães olham para os resultados de equipa do sul da Europa com desconfiança: «As grandes Ligas, como a Liga inglesa ou a alemã não concebem que clubes de Espanha ou até de Portugal tenham os resultados que têm na Europa.»

«A visão deles é diferente. Por exemplo, há dias estava a falar com o meu colega da Federação alemã, sobre questões do TMS (Transfer Matching System) e ele saiu-se com esta: nós é que queremos assim, nós somos os maiores, vocês só têm de seguir. No fundo é isto.»

A FIFA proibiu as Third-Party Ownerships (TPO) mas ainda não determinou sanções específicas para os incumpridores. João Leal explica: «No regulamento da FIFA está previsto todo o tipo de sanções, de forma geral, dos avisos à exclusão das competições. Serão analisados caso a caso, esperando-se que com bom senso. Agora, teremos de transpor isso para o regulamento em Portugal, mas não haverá igualmente sanções específicas.»