... excepto as eternas boas intenções da última semana de Dezembro, claro. Uma delas assumo-a sozinho: marcar um ponto de encontro por aqui todas as sextas-feiras. Quase todas, vá. Sem prejuízo de aparecer noutro dia qualquer da semana. Mas às sextas garanto que estou apostado em aparecer sempre.

Ao contrário desta minha promessa, que interessa a pouca gente e em nada faz mudar o mundo, havia muita coisa que muitos protagonistas do futebol português podiam prometer para 2012. Mas isso só valia a pena se fizessem um mínimo de tenção de cumprir. Como não acredito no Pai Natal (nem na maioria destas pessoas), prefiro que deixem as entrevistas de fim de ano a quem tenha algo para dizer.

Daúto Faquirá, por exemplo. Gostava de ouvi-lo dizer de sua justiça sobre a forma corajosa como fez frente a mais um despedimento sumário no futebol português. Fez ou tentou fazer. No caso de um reino sem lei nem moral como este, tentar já é fazer muito.

A primeira má imagem com que fiquei do actual campeonato por acaso foi culpa de Daúto, que estacionou em Alvalade um autocarro de dois andares. Mas entretanto o Olhanense fez muitas outras coisas, tendo naturalmente deixado de fazer outras tantas. Futebol é isto mesmo e toda a gente tem o direito de tomar decisões. Só que este não devia ser um terreno minado por indemnizações que quase nunca são pagas e acordos feitos à pressa debaixo da mesa só porque "não há mais condições" para um treinador continuar.

Daúto, se não deu um verdadeiro murro na mesa, pelo menos abanou meia dúzia de consciências. Sendo certo, faltava acrescentar isto, que o estado das coisas só é possível porque por cada treinador em risco há sempre um à espera de emprego. Isso mesmo: à espera, não à procura.

Numa altura em que a noção histórica de trabalho sofre tão grande e violenta mudança, exemplos como os de Daúto ajudam a manter de pé alguma dignidade. No futebol e fora dele.

*Editor TVI

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