Jorge Jesus provou, com o onze escolhido frente ao Portimonense, o que toda a gente já sabia: nem o próprio Benfica acredita(va) ser possível apanhar o FC Porto no primeiro lugar da Liga.

Convenhamos: mesmo antes da derrota em Braga, só uma conjugação de factores absolutamente inimaginável tiraria o título aos dragões.

Posto perante tal evidência e tendo a possibilidade de apostar na Liga Europa (bem difícil está a situação do Benfica), Jesus tomou uma opção legítima do ponto de vista regulamentar mas discutível no plano ético.

Nada, nos regulamentos, impede o treinador do Benfica de utilizar tão poucos titulares habituais (um). Ao contrário, curiosamente, do que sucede na Taça da Liga, cujos regulamentos prevêem serviços mínimos a fim de não desvirtuar a competição e manter o interesse possível.

Claro que todos são jogadores do clube e em tese têm valor para integrar o plantel. Mas claro, também, que a equipa do Benfica frente ao Portimonense foi consideravelmente mais fraca que o habitual, e nem sequer apareceu uma vitória para ajudar a disfarçar isto.

Eticamente as escolhas de Jesus são discutíveis e há pelo menos três áreas de onde podem chegar críticas de falta de respeito. Por esta ordem: do público do Benfica que pagou bilhete para ver o jogo ao vivo; do próprio Portimonense, embora em teoria até tenha sido beneficiado pela maior possibilidade de pontuar; dos outros clubes que, com os algarvios, lutam pela manutenção na Liga principal.

O bom senso está muitas vezes no meio termo, e Jorge Jesus podia ter-se poupado se tivesse promovido alterações com maior parcimónia. O que em nada alteraria o destino do Benfica: segundo no campeonato e a ter de suar muito para chegar aos quartos-de-final da Liga Europa.

*Editor Desporto TVI

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