No último domingo, Jonjo Shelvey foi expulso do Liverpool-Manchester United pelo lance que poderá ver acima. Uma decisão clara do árbitro que se fosse tomada com um jogador dos grandes do futebol português originaria, mais que um ou dois comunicados, a convocação de uma manifestação em frente à Federação. No mínimo. Em Inglaterra também houve vozes discordantes, mas foram só isso, vozes. Não comunicados ao país como se se tratasse de um assunto muito importante.

Na base desta expulsão esteve a forma, mais do que a dureza intrínseca, como o jogador do Liverpool abordou dois lances consecutivos. Percebeu-se nestas ações uma intencionalidade muito perigosa. E isso deve ser motivo muito mais válido para expulsão do que alguns lances mais duros e espalhafatosos nos quais no entanto não se deteta maldade. Esta distinção, embora intuitiva, é mais fácil do que parece, sobretudo se despirmos as camisolas nas análises aos casos.

Os protestos contra as arbitragens em Portugal são sempre esperados, não surpreendem quem quer que seja. Desta vez vieram foi cedo de mais, o que faz temer pela profunda irrespirabildiade do ar futebolístico nacional à medida que a época for avançando e os pontos forem dizendo de sua justiça.

É lamentável que se viva recorrentemente num clima destes. Mas há algo que também devemos dizer: os árbitros, conhecendo o meio ambiente em que se movimentam, podiam e deviam proteger-se muito mais contra determinado tipo de erros. Penáltis e foras de jogo mal assinalados ou por assinalar continuará a haver (atrevo-me a dizer "felizmente", porque será sinal de humanidade). Bolas que entraram ou não também (aqui não tão felizmente, porque há meios de evitá-lo). É no critério disciplinar que o combate pode e deve ser mais eficaz.

Expulsar um jogador é uma decisão muito importante e grave. Mexe com as duas equipas, com o desenvolvimento do próprio jogo e sobretudo com um profissional que fica temporariamente impedido de exercer aquilo para que é pago. Deve, pois, ser uma decisão tomada com critério e parcimónia. Ao contrário do discernimento demonstrado pelo seu colega que apitou em Liverpool, Vasco Santos e a sua equipa foram precipitados e exagerados na expulsão de Labyad durante o Sporting-Gil Vicente.

Obviamente o comunicado do Sporting, como as gritarias do Benfica na véspera ou os protestos do Porto logo a abrir o campeonato, não deixa de ser lamentável e dispensável. Só acho que os árbitros também podem dar a sua ajuda, o que não foi manifestamente o caso.

*Editor TVI

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