A missão era difícil, para alguns até impossível, mas Portugal mostrou que pode ousar sonhar e tem capacidade para fazer frente a qualquer seleção.

No Eden Park, ao primeiro minuto do tempo de compensação, o tempo parou quando Ana Capeta surgiu na cara da guarda-redes norte-americana, suspirou-se fundo em Portugal e os olhos não largaram a televisão para acompanhar a trajetória da bola que esbarrou no ferro.

Aí esteve a oportunidade de ouro das Navegadoras que mantiveram o 0-0 diante dos Estados Unidos até ao final, mas ficaram a um golo de conseguir a qualificação para os oitavos de final do Mundial feminino. Em suma, faltou a pontinha de sorte que costuma premiar os audazes. Foi mesmo por um triz!

FICHA DO JOGO

Na despedida do torneio onde marcou presença pela primeira vez, Portugal protagonizou uma exibição categórica, deixou uma ótima imagem e, quiçá, tendo em conta a valia do adversário, fez um dos melhores jogos de que há registo.

As poderosas norte-americanas, bicampeãs em título, eram claramente favoritas antes do apito inicial, mas quem viu a primeira parte até poderá ter ficado com a dúvida sobre qual das duas seleções lidera o ranking.

Portugal não tremeu, entrou a saber que a melhor forma de impedir que os EUA criassem perigo era ter a bola e até terminou com mais posse do que as norte-americanas. A seleção de Francisco Neto – que voltou a operar uma revolução no onze – apostou na pressão alta, roubou várias bolas às adversárias e conseguiu criar muito desconforto a jogadoras que até são referências para algumas das portuguesas.

Entrar sem medo

As Navegadoras aliaram a segurança defensiva à boa capacidade para sair para o ataque, sobretudo pela facilidade com que Kika Nazareth recebia bolas no corredor central e facilmente se colocava de frente para a baliza adversária. Na direita, Jéssica Silva esteve mais assertiva do que nos dois outros jogos e também foi um quebra cabeças para as norte-americanas.

De resto, a melhor oportunidade da primeira parte (16m) surge através de uma combinação das duas jogadoras do Benfica, mas Jéssica desperdiçou em boa posição.

Ainda antes do intervalo, foi Kika quem ameaçou, com um remate de longa distância que obrigou a um olhar atento de Alyssa Naeher.

Na segunda parte, os EUA entraram melhor, quiseram fazer valer o estatuto que possuem e chegaram a causar «abanões» na defensiva lusa, sobretudo por Alex Morgan.

Na última meia hora, Rapinoe foi a jogo e esperava-se que as norte-americanas assumissem o controlo da partida, mas Portugal equilibrou forças e, já nos minutos finais, Francisco Neto colocou «a carne toda no assador».

Traídas pelo poste

Em tempo de compensação, o poste acabou com o sonho português. Após uma bola longa, Ana Capeta entrou na área adversária e rematou rasteiro. A bola parecia caminhar para as redes, mas de forma inglória foi ter com o ferro.

Portugal ainda continuou em busca do golo que valia a qualificação, mas as norte-americanas colocaram gelo no jogo e tentaram gerir o 0-0, sem se livrarem de alguns sustos até ao apito final.

A seleção nacional, na estreia em Mundiais, é eliminada na fase de grupos mas só pode sair da Nova Zelândia com um sorriso no rosto e com motivos para acreditar num futuro risonho.

Quanto às contas do grupo E, face à goleada dos Países Baixos diante do Vietname (7-0), as neerlandesas passam aos oitavos em primeiro (sete pontos), seguidas dos EUA (cinco), com Portugal (quatro) e vietnamitas (zero) afastadas.