Carolina Mendes ficou para a história como a autora do primeiro golo de Portugal numa fase final de um Campeonato da Europa quando, no passado domingo, abriu o caminho para a vitória diante da Escócia (2-1), mas rejeita o papel de «imortal» e diz que a comemoração estava pensada.

«Penso que somos todas imortais, porque foi um feito (...). De todas nós, apesar de ser o meu nome que vai ficar, é de todas», começou por contar a avançada em declarações à Agência Lusa.

Carolina Mendes, que foi uma aposta do selecionador Francisco Neto para o jogo com as britânicas, abriu o marcador quase à passagem da meia-hora, ao surgir nas costas da central escocesa Barsley e o banco «explodiu» em festa. Esta segunda-feira, no rescaldo da vitória, a futebolista, futura fisioterapeuta e natural de Estremoz, explicou a razão porque colocou as mãos na cara, imitando uns óculos, e desatou a correr.

«Quando fiz o gesto dos óculos… tinha sido uma conversa no balneário, justamente antes de entrarmos em campo, com a Dolores [Silva], porque a professora Marisa [treinadora-adjunta] estava a comentar, por causa das pestanas, que ia ficar toda borrada porque tinha posto pintura, e eu disse: quando marcar meto os óculos e não borro a pintura», disse divertida Carolina Mendes.

Um gesto a que se seguiu uma corrida desenfreada até ao banco de suplentes de Portugal no Estádio Sparta, em Roterdão, mas o banco já vinha a caminho de Carolina Mendes e para a avançada isso é sintomático da solidariedade na equipa. «Depois o que me passou foi correr para o banco e ir ter com as minhas colegas, mas o banco já estava a correr até mim. Foi fantástico ver a união de grupo que existe na nossa seleção, foi um momento muito feliz», revelou.

A jogadora, que representa as islandesas do Grindavik, clube em que se manterá, pelo menos, até outubro, falou também das colegas que ficaram de fora, em especial de Jéssica Silva e Cláudia Lima, que se lesionaram no estágio de preparação.

Carolina Mendes entende que o espírito de grupo é muito forte e diz que o dia de hoje tem sido curto, com mensagens de todo o lado, a que tentará responder, a agradecer. “Vou tentar responder a toda a gente, ao longo do dia acho que vou ter tempo», atirou.

A carreira da avançada de 29 anos, que já passou por Espanha, Itália, Rússia, Suécia e Islândia, é complementada com o gosto especial pelas viagens, que a levaram a criar um blogue – «As viagens da Carol» - dedicado aos sítios que visita e promete que o Europeu terá um lugar na página. «Está a ser a melhor viagem, por curiosidade já tinha escrito sobre Amesterdão e pensei depois do Europeu escrever só sobre o ambiente, como vivemos aqui, talvez vá fazer isso quando regressar a casa», adiantou, para de seguida dizer que escreverá mesmo.

Ainda a viver emoções fortes, do golo e da vitória, a avançada não deixa de pensar já na Inglaterra, a adversária de quinta-feira, na terceira jornada do grupo D do Europeu, em Tilburgo (às 19h45 de Lisboa). «Acabaram por ganhar 2-0 à Espanha, é uma seleção muito forte, mas nós também temos os nossos objetivos, na quinta-feira vamos entrar em campo com o nosso espírito e tentar ganhar o jogo», disse ainda.