O primeiro campeão da nova liga profissional sul-africana, em 1997, foi fundado por Mohandas Gandhi e o seu braço direito, G.R. Naidoo. Originalmente chamado Manning Rangers, o clube mudou mais tarde a sua designação para Ikapa Sporting FC.

Depois de tocar no céu, passou por asfixiantes dificuldades financeiras, cessou a actividade durante uma temporada, mudou o quartel-general para a Cidade do Cabo e compete nos dias que correm na National First Division (segundo escalão).

Nenhum dirigente deste clube respondeu às nossas questões. Virámo-nos para outro emblema, umbilicalmente conectado ao legado de Gandhi. O Moonlighters FC existiu até meados da década de 70 do século passado. Nasceu numa noite de Verão, em 1892, no terraço do Hotel Moon.

Gandhi e Naidoo eram visita frequente, como conta ao Maisfutebol Bongani Sithole, gestor e guia de uma colónia rural fundada pelo Mahatma perto de Durban (África do Sul) e que é hoje uma atracção turística. «Não sei se é mito ou real, mas a história é engraçada.»

«Gandhi e Naidoo queriam dar o nome a um clube de futebol. Olharam o céu, viram uma lua [Moon, em inglês] brilhante e não hesitaram: Moonlighters. O apartheid acabou com a instituição, mas existiu e competiu durante várias décadas.»

O idílio de Gandhi na colónia Phoenix

Bongani Sithole tem a história de Gandhi na ponta da língua. Conta-a todos os dias a centenas de turistas que o visitam na colónia Phoenix. Ao atender o telefone pensa, de resto, estar a falar apenas com mais um. Esclarecimento feito, volta a puxar pela memória, enquanto aguarda a chamada para o próximo tour.

«O Mahatma adorava futebol e ciclismo. Mesmo aqui, na colónia, havia um campo de terra onde ele jogava. Falo sobre isso a todos os turistas e faz parte da visita. A esmagadora maioria das pessoas não faz a mínima ideia que ele jogava à bola. Só conhecem o lado da política e da luta pela paz.»

A descrição de Sita Gandhi, neta de Mohandas, ajuda a perceber o idílio da colónia. «A quinta do meu avô. A 20 quilómetros da cidade, rodeada por plantações de cana de açúcar. Cem hectares de terra a que chamámos Phoenix. Era o mais belo pedaço de terra no mundo, longe das leis raciais da época.»