É inegável o peso dos números na confiança de uma equipa. Assim como uma derrota avultada pode causar mossa na autoestima, uma vitória avantajada funciona muitas vezes como um boost de energia e confiança. E esta vitória por 3-0 frente ao V. Guimarães não podia vir em melhor altura para o FC Porto depois da derrota em Alvalade e nas vésperas do arranque da fase de grupos da Liga dos Campeões. Até porque o resultado não resulta de um jogo fácil, mas de um trabalho que acabou por facilitar um encontro de muita luta física e tática.

Reforçado no mercado e com Maxi como única baixa, Nuno Espírito Santo voltou a mexer no sistema tático da equipa. Descansou Herrera, que tinha tido viagens longas para representar a seleção e fez entrar um criativo Oliver Torres, que trouxe uma inegável mais-valia à equipa em termos de qualidade, em parceria com André André e Danilo que secavam o jogo adversário a meio campo. E optou por uma 4-4-2, com Depoitre e André Silva na frente. E, se a pergunta de muitos no início do jogo era se os dois podiam jogar juntos, a resposta parece ser inequívoca: Sim. Com Depoitre mais fixo, André Silva tornou-se num jogador mais móvel e mais temível. Vinha buscar jogo atrás, aparecia pela direita, pela esquerda, pelo centro. Uma forma de jogar de que tanto gosta, e que, com o belga em campo, pôde assumir totalmente.

Menos mudanças fez Pedro Martins no onze do Vitória, acabando apenas por colocar Xande Silva no lugar de Marega, que não podia jogar por ter sido emprestado pelo FC Porto. Mas até era pelo outro flanco que o jogo do Vitória era mais perigoso. Raphinha tentava aproveitar que Layun tomava conta de todo o corredor para se antecipar ao mexicano e foi conseguindo levar o jogo junto à área do FC Porto e, sobretudo, ganhar lances de bola parada onde conseguiu realmente criar perigo.

Hurtado obrigou, logo no início, Casillas a mostrar os reflexos rápidos e, durante toda a primeira parte, houve inúmeros lances de bola parada a mostrar ao guarda-redes espanhol que não teria um jogo descansado.

Mas Douglas também não podia relaxar. Depoitre obrigou-o a uma grande defesa na primeira parte. André Silva rematou juntinho ao poste. E o mesmo André Silva até colocou a bola dentro da baliza, mas o árbitro assinalou falta por o jogador do FC Porto ter tocado a bola com o braço e não validou o golo.

E golo haveria mesmo de chegar ainda na primeira parte. Aos 38 minutos, na sequência de um canto, Depoitre desviou de cabeça para Marcano chegar e empurrar para dentro da baliza. Estava feito o 1-0 ainda antes do intervalo, e Layun logo a seguir, na conversão de um livre, atirou à barra.

Ao intervalo ainda não havia ainda grandes oportunidades para vislumbres de jogo resolvido, mas, não faltava muito tempo. Logo no início da segunda parte, Otávio rematou forte à baliza e Oliver, que estava a passar, desviou, com a bola a só parar dentro da baliza de Douglas. Um golo que não só aumentou a vantagem portista, como teve um forte impacto na equipa vitoriana. Uma questão de timing que fez toda a diferença para ambas as equipas.

E o autogolo de João Aurélio, aos 56 minutos, a tentar cortar o cruzamento de Layun, só veio confirmar a tendência.

Depoitre logo a seguir podia ter feito o 4-0. Raphinha ainda obrigou Casillas a uma grande defesa, mas o jogo estava resolvido e acabou por ser um passeio do FC Porto até ao final.

Bons sinais para o FC Porto a poucos dias de receber o Copenhaga. Para o Vitória, fica a imagem de uma equipa que não quis perder a sua identidade, mas que acusou demasiado o segundo golo.