Depois de um ano como suplente e outro a treinar, sem jogar, na equipa B, Ivan Dudic deixou o Benfica e voltou à Jugoslávia. O lateral-direito tem contrato até 2005 com os encarnados e o clube da Luz foi, inevitavelmente, o principal tema de conversa na entrevista concedida ao Maisfutebol, em Belgrado.

Apesar de não assumir uma posição muito crítica para com os responsáveis encarnados, nota-se desilusão no discurso de Ivan Dudic. O defesa-direito jugoslavo sente-se triste com a falta de oportunidades e desapontado com o esquecimento a que foi votado. «A Direcção do Benfica não pensa muito nos jogadores que estiveram na equipa B no ano passado», reconheceu. Ainda assim, admitiu ao Maisfutebol que o clube «sempre facilitou a saída», que só no início desta época se confirmou, tendo conversado regularmente «primeiro com António Simões e depois com Luís Filipe Vieira».

Dudic acabou assim por ingressar no RAD Belgrado até ao final da época, por empréstimo, um clube modesto da capital jugoslava com o qual o seu empresário tem relações privilegiadas. Não foi a solução ideal, mas a possível, explicou.

«Esperava ir para outro clube da Europa, mas neste momento estou a separar-me e também tinha aqui coisas para resolver», afirmou, justificando a opção. Desde 2001, altura em que foi dispensado do plantel principal, houve várias hipóteses mais favoráveis para a sua carreira, mas que por um motivo ou outro não se concretizaram.

«É difícil, com a crise actual, os clubes contratarem um defesa direito. Jogo apenas nessa posição e normalmente os clubes preferem contratar um polivalente, que também possa fazer um lugar no meio-campo. No início da época passada ainda tive quatro clubes ingleses interessados - o West Ham, o Tottenham, o Leeds e o Everton - mas não tinha 75 por cento dos jogos feitos pela selecção e por isso não tinha licença de trabalho.»

Depois deixou de jogar, passou apenas a treinar com a equipa B, e ficou muito mais difícil convencer outro clube a apostar ele. «Em Outubro ou Novembro o Valência chegou a estar interessado, mas na altura eu já estava a treinar com a equipa B, sem jogar, e não podiam observar-me. Nessa altura já só por cassete podia ser visto, o que não é a mesma coisa - tem os melhores momentos de um jogador, mas falta muita coisa. Além disso, não estava com ritmo para poder entrar logo no futebol espanhol.»

Para que a situação não se repetisse este ano, aceitou ingressar no RAD Belgrado - tudo seria melhor que estar mais um ano sem jogar. Apesar de ter mais três épocas de contrato com o Benfica, Dudic não entra na habitual categoria de jogadores emprestados que só pensa em voltar à casa mãe. Mas também não se vê a ficar em Belgrado no final da época. «A Liga aqui tem qualidade para me mostrar e ir para outro clube europeu. No final da época vou ver o que se vai passar, mas tenho uma ideia para o meu futuro que não passa por continuar na Jugoslávia. Seria bom para o Benfica conseguir vender-me, porque neste momento continuam a pagar-me parte do salário.» Dudic, aliás, confessou que os encarnados estiveram a dever-lhe algum dinheiro, situação já regularizada entretanto.

O regresso à Jugoslávia, para já, não relançou ainda a carreira do jogador, de 25 anos. Dudic ainda não fez qualquer jogo esta época, devido a problemas físicos. «Fiz a pré-época numa cidade aqui perto e no segundo treino, como o campo estava muito duro e eu estava com botas novas, contraí um problema num tendão.» Uma gripe e algumas recaídas foram adiando a estreia, que o lateral acredita que possa acontecer dentro de 20 dias. «Foi melhor parar, para não me acontecer como ao Tomo Sokota, que corria, corria e depois teve de ser operado.»

Leia ainda: