Data de nascimento: 30/11/72 (Nampula- Moçambique) 

Altura: 1,89. Peso: 79 kg

Clubes como profissional: E. Amadora (90/93); Benfica (93/95); Bari (95/96); Oviedo (96/98); PSV Eindhoven (98/99); Everton (99/00)

Internacionalizações A: 14 (2 golos)

Estreia na Selecção A: 31/03/93 (Suíça, 1-Portugal,1) 

A carreira de Abel Xavier já conheceu um número impressionante de altos e baixos para quem ainda não festejou o 28º aniversário.  

Formado nas escolas do Estrela da Amadora, Abel cumpriu o mesmo percurso de sucesso da chamada «geração de ouro» culminado com a conquista do título mundial de sub-20, em 1991. Era, então, um defesa central de bons recursos - alto, com bom jogo de cabeça e uma apreciável «souplesse», tinha atributos para fazer-se um «líbero» à moda antiga, caso o futebol português ainda soubesse conviver com eles. 

Mas Abel começou aí, nesse Mundial português, a pagar o preço da polivalência, redescobrindo-se como lateral-direito de recurso. E foi como tal que, depois de cumprir os «mínimos obrigatórios» nas Esperanças, chegou bem cedo à Selecção A, com 20 anos recém-cumpridos. Era ainda jogador do Estrela, e uma vaga de lesões obrigara o então seleccionador Carlos Queirós a antecipar o baptismo de alguns dos seus «meninos» (Rui Costa foi outro dos escolhidos), para uma atribulada deslocação à Suíça. O jogo não correu mal, Abel aguentou a pressão e, nos três compromissos seguintes da selecção voltou a integrar o «onze» de Quierós. 

Mas a passagem para o Benfica (com o Sporting batido ao «sprint») marcou uma viragem na sua carreira: se é certo que lhe deu a insubstituível experiência internacional, não o é menos que as suas exibições na Luz não foi um modelo de regularidade. Quer a lateral-direito quer como médio defensivo, Abel Xavier alternou as ovações com as «embirrações» do terceiro anel. E esse estado de coisas forçou-o a uma ausência de quatro anos da Selecção nacional.  

Improvável golo 

Pelo meio, meteu-se a atracção pelo estrangeiro, numa altura em que o futebol português vivia o primeiro «boom» exportador da sua história. Mas a ida para o Bari em nada contribuiu para o fazer regressar à carruagem de primeira classe: a equipa era má (viria a descer de divisão) e Abel nunca teve condições para dar nas vistas. 

Mas se a aventura italiana foi um passo atrás, a opção seguinte, o Oviedo, revelou-se acertada. Ainda que modesta, a equipa onde também actuava Paulo Bento tinha outra qualidade futebolística, o que lhe permitiu algum destaque na mediática Liga espanhola. 

A partir daí, com a chegada de Humberto Coelho à Praça da Alegria, em 1998, as portas da selecção estavam novamente abertas e a carreira de Abel consolidada, embora o espírito de aventura o tivesse levado a novas experiências: Holanda, pela mão de Bobby Robson, e Inglaterra, onde conquistou um lugar no Everton. 

Tacticamente versátil, Abel Xavier continua a ser solução de recurso para vários lugares, de trínco a defesa-central, passando mesmo por lateral-esquerdo. Mas o passar do tempo e as necessidades da Selecção levaram-no a fixar-se como lateral-direito. E foi aí, no mais improvável dos postos para quem quer marcar golos, que voltou a relançar a sua carreira para um daqueles pontos altos de que parece deter o segredo, ao marcar diante da Hungria, em pleno Estádio da Luz, perante 80 mil espectadores, o tento que permitiu o apuramento directo para o Europeu. 

                                                                 Nuno Madureira