Aos 16 anos, o titular dos juniores do Real Madrid estreava-se numa convocatória dos seniores. E logo num jogo da Liga dos Campeões (ver foto de capa), uma competição que viria a ser sua fiel amante ao longo da carreira.
Bodo Ilgner e Pedro Contreras lesionaram-se, Jupp Heynckes não hesitou. Juntou o menino Casillas à comitiva para Trondheim, colocou-o no banco e nunca mais o perdeu de vista.
Nesse jogo, curiosamente, o Real Madrid perdeu por 2-0 em casa do Rosenborg. Um jogo horrível na história blanca, mas importante na curva de afirmação de Iker Casillas, o novo guarda-redes do FC Porto.
Foi há quase 18 anos e poucos meses depois de Iker brilhar na final do Campeonato da Europa de Sub-17. Parou uma grande penalidade na final e a Espanha conquistou o torneio.
Campeão da Europa de Sub-16, em 1997:
A história mais ou menos recente de Iker Casillas é por todos conhecida, feita de muitos troféus e recordes, até à quebra nas últimas duas temporadas, iniciada no reinado de José Mourinho e relativamente atenuada por Carlo Ancelotti.
Mas nesta invejável carreira há outros episódios menos conhecidos. Filho de um antigo agente da Guardia Civil e de uma professora, foi batizado com um nome basco porque o pai, José Luís, trabalhou durante vários anos em Bilbau.
O irmão de Iker, Unai, também herdou essa influência paterna.
Casillas passou a infância em Móstoles, uma pequena cidade na área metropolitana de Madrid, e tem a honra de dar o nome a uma artéria da localidade: Avenida de Iker Casillas.
Mas a grandeza desportiva de Iker não se fica por esta homenagem. Em Navalacruz (Ávila), terra dos avós, há uma estátua em sua honra logo à entrada do pueblo.
O resto são recordes atrás de recordes. Entrou no Real Madrid com nove anos, levado pelo pai, e treinou uma semana à experiência até assinar. Jogou em todos os escalões jovens do Real, passou a ser chamado às seleções com 15 anos e a 12 de setembro de 1999, com 18 anos e 115 dias, estreou-se na baliza dos seniores.
A 3 de junho de 2000 fez o primeiro jogo pela principal seleção de Espanha num amigável contra a Suécia. José Antonio Camacho levou-o ao Campeonato da Europa desse ano, mas Casillas foi suplente de José Molina e Santiago Cañizares.
Passou a ser o dono da baliza logo depois do torneio realizado por Bélgica e Holanda. Até hoje. Iker Casillas tem 162 internacionalizações!
Nunca o futebol português teve um jogador com um currículo assim. O FC Porto é o destino de Iker Casillas e a plataforma aparentemente perfeita para o guarda-redes provar que ainda é ambicioso e capaz.
O passado obriga-o a ser grande.