O êxito do Boavista no futebol português não encontra expressão nos confrontos directos com o F.C. Porto. Os axadrezados conseguiram superiorizar-se aos vizinhos das Antas apenas por doze vezes na totalidade dos encontros, sendo que onze vitórias foram alcançadas no Estádio do Bessa. 

A última vez que o Boavista triunfou sobre o seu rival no Bessa aconteceu na época de 1992/93, mais precisamente a 15 de Novembro de 92, com um golo solitário de Marlon Brandão. Recordando esse dia, o ex-avançado axadrezado, que também passou pelo Sporting e pelo Estrela da Amadora, é capaz de descrever o lance com precisão: «Foi uma jogada do Artur pela direita, que cruzou para a área, eu entrei de ¿carrinho¿ e acabei por marcar o único golo do jogo. Lembro-me que, nessa altura, o guarda-redes era o Vitor Baía e os defesas-centrais eram o Aloísio e o Fernando Couto». 

Contactado por Maisfutebol, Marlon não escondeu a «enorme alegria» por falar sobre a actualidade futebolística portuguesa e, mais especificamente, do Boavista. Acompanha com assiduidade o campeonato, o que lhe permite recordar facilmente quantos pontos têm as equipas que se encontram nos lugares cimeiros. Para amanhã, promete sentar-se em frente da televisão pouco antes das 16 horas (hora do Recife, menos três do que em Portugal), para devorar todas as imagens do jogo que a RTP transmitirá via satélite. 

Confiante numa vitória da sua antiga equipa, o brasileiro vai um pouco mais longe afirmando sem receios que «o Boavista cresceu muito nos últimos anos e tem condições para rivalizar com o Porto, o Benfica ou o Sporting. Acho que pode ser campeão já este ano». Talvez a observação seja surpreendente, mas Marlon encontra razões para a sustentar: «Se ganharem, deixam o Porto para trás e, como o Jaime Pacheco é um treinador que sabe muito de futebol, com certeza que não vão perder o primeiro lugar com facilidade. O Boavista está muito forte». 

Carreira como empresário   

Das quatro épocas que cumpriu no Bessa, Marlon Brandão destaca Artur, Ricky, Bobó, Paulo Sousa («um dos melhores laterais-direitos do futebol português») e Alfredo, mas também Rui Bento, Sanchez e Litos, os três únicos resistentes da sua altura, que deverão ser titulares no jogo de amanhã. 

Tudo isto são recordações que o brasileiro não consegue esquecer. Talvez os antigos colegas até possam servir como entreposto de conhecimentos para negócios futuros na sua actual actividade. Empresário há um ano e meio, estabeleceu-se no Recife e tenta os primeiros negócios no Estado de Pernambuco. «Talvez no futuro consiga colocar algum jogador em Portugal, pois já começo a ter alguns bons nomes em carteira e os contactos que mantenho com pessoas conhecidas (como Douglas, Geraldão, Duílio e Careca) podem garantir bons negócios», revela. 

Apesar dos projectos de futuro, Marlon regressa sempre às memórias do tempo em que era jogador. Com 37 anos, diz que se cuida bem, porque não bebe, nem fuma, e até há quem apele para o seu regresso. «É pena, mas o joelho já não permite que eu jogue mais», assinala, recordando que a carreira apenas terminou há três anos, no Santa Cruz.