Apesar da lesão, logo aos primeiros pontapés, Leandro não se lamenta. Conta cinco jogos, nem todos completos, e o mesmo número de golos. O exercício, ainda mais fácil do que o desenhar de um sorriso, mantinha-o a agitar a cabeça na vertical, parecendo surpreso com o resultado da soma. «O começo está excelente, a média é muito boa!». Mas o entusiasmo esbarrava no contraste oferecido pela equipa. «Não está muito bem, não». A Fiorentina perde-se no meio da tabela e Leandro não foi para Florença para isso. «Vim pelo título italiano, foi sempre esse o meu objectivo», admitiu.  
 
Não desiste assim, em meia dúzia de «rounds». Recompõe-se, crendo que a Fiorentina «tem tudo para reverter a tendência» e impondo a si próprio uma espécie de sonho e obrigação: «Quero ser o artilheiro do campeonato». Mas já ficaria satisfeito se conseguisse ocupar o lugar de Batistuta no coração dos adeptos. Na verdade, não sabia qual das missões era mais difícil.  
 
A cinco passos dali, num dos portões do estádio, ainda podia ler-se o nome de «Bati», a quem os adeptos pediam que ficasse para sempre em Florença. Leandro confessava o incómodo. «Não é muito agradável, mas é normal». Podia prová-lo com um exemplo idêntico e igualmente recente. «Na Portuguesa estão sempre a falar de mim. Mesmo aqui, tão longe do Brasil, sou uma sombra para quem me substituiu».   
 
O argentino, agora em Roma, a cerca de 300 quilómetros de distância, esbarra com ele a toda e qualquer conversa. «Parece que o Batistuta tem que ser sempre lembrado». Sempre que a bola não entra, lá vem o argentino. Com um sorriso de quem desfez subitamente o enigma mais intrincado, Leandro detecta a solução mesmo diante do seu nariz: «Enquanto eu marcar, eles esquecem-no». Não que lhe queira mal, obviamente.  
 
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