Se Fernando Mamede tivesse fumado um charro antes dos grandes acontecimentos em que falhou, provavelmente teria ganho muito mais títulos e medalhas. A ideia é de Manuel Pinto Coelho, médico ligado ao desporto e especialistas em questões de doping e de toxicodependência.  

Para este clínico, «o cannabis gera efeitos de desinibição nas pessoas que poderiam ter sido decisivos para Fernando Mamede que, como toda a gente sabe, falhava nos grandes momentos devido à pressão». Mas atenção: Manuel Pinto Coelho não está, com isto, a advogar que o ex-recordista mundial dos 10 mil metros deveria ter enveredado por essa via. «Tratam-se de soluções ilícitas para a resolução de problemas», considera Manuel Pinto Coelho, um dos participantes do debate sobre doping que a Liga promoveu esta sexta-feira. 

A questão é que o cannabis é uma substância que ainda não está na coluna das estritamente proibidas. Numa altura em que as legislações nacionais avançam cada vez mais para a liberalização do consumo e mesmo do tráfico desta substância, Manuel Pinto Coelho chama a atenção para a diferença entre consumir para uso pessoal e social e um consumo para efeitos desportivos: «Os efeitos de desinibição do cannabis podem ajudar um atleta a libertar-se da pressão e a abstrair-se do contexto. Tem, por isso, que ser visto como uma substância ilícita».