Ao contrário do que se possa pensar, as competições profissionais não são as divisões onde há mais casos de doping no futebol português. O CNAD está muito mais preocupado com o que se passa nas divisões secundárias, onde há muito mais clubes, mas muito menos pressões mediáticas. 

«O que se passa na II Divisão B, III Divisão e no futebol feminino é muito mais grave do que os problemas que ocorrem, nesta matérias, na I e na II Ligas. A questão é que os casos nas divisões profissionais são muito mais falados, o que é natural», observa Manuel Brito. 

O responsável máximo pelo IND e pelo CNAD está especialmente preocupado com «a III Divisão e o futebol feminino», sendo mesmo possível que passe a existir uma maior atenção a estes sectores, ainda que haja muito menos dinheiro e muito menos responsabilidades envolvidas. O problema é de base: enquanto nas divisões profissionais os atletas dispõem de muito mais apoios e condições, tendo um departamento médico qualificado, capaz de lhes indicar a alimentação mais adequada e disponibilizando a informação necessária para que não ocorram surpresas desagradáveis, o mesmo não se passa nos escalões não profissionais e no futebol feminino. Muitos desses clubes pequenos nem sequer têm um departamento médico devidamente estruturado e credenciado - e a falta de controlo anti-doping regular aumenta o apetite para pisar o risco. 

Refira-se, a esse propósito, que o CNAD elabora um sistema de controlos mistos para a I Liga: por jornada, sao controladas cinco equipas ¿ o líder e mais quatro, que saem por sorteio. Se, porventura, o líder for sorteado, será o segundo também controlado e mais três outros conjuntos. Este método não garante uma total equidade na distribuição das equipas controladas, mas a aleatoriedade do sorteio permite, com algum grau de confiança, que ao fim de uma época com 34 jornadas a distribuição seja relativamente equilibrada. O que torna muito mais significativo que os casos positivos não tenham uma distribuição nada equilibrada entre os clubes... 

Eficácia na distribuição dos controlos 

A falta de um sistema desta eficácia nas divisões secundárias é um problema que Manuel Brito assume existir. Mas o presidente do IND e do CNAD é muito pragmático na explicação: «O orçamento não dá para tudo. Estes controlos custam dinheiro e temos limitações nesse aspecto. Para países como a Itália, por exemplo, o dinheiro não é problema: gastam muito com os controlos. Não temos tanto dinheiro para gastar, mas apostamos na eficácia dos controlo que fazemos. E é com muito orgulho que este ano voltámos a ter o certificado internacional de qualidade que nos põe, outra vez, entre os 27 laboratórios mais credenciados de todo o mundo». 

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