Verdadeiro golpe de teatro em São Petersburgo. O Irão arrancou um precioso triunfo frente a Marrocos, num jogo que, tal como o Egito-Uruguai, teve um final dramático. Aos 90+5, o recém-entrado Aziz Bouhaddouz foi infeliz e desviou um cruzamento de Hadj Safi para a própria baliza.

Festejos e lágrimas nos jogadores iranianos, rostos de um país que não vencia um jogo num Campeonato do Mundo há vinte anos.

O infortúnio de Bouhaddouz – lançado para o assalto final à baliza do Irão – foi um castigo demasiado pesado para Marrocos, a seleção que apresentou melhores argumentos durante maior parte do tempo.

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Aliás, nos primeiros vinte minutos o rugido dos Leões do Altas foi ensurdecedor, em São Petersburgo. Os marroquinos impuseram o seu estilo de jogo graças ao talento dos quatro criativos: Boussoufa, Ziyech, Belhanda e Harit. Quando a bola não circulava por dentro, Amrabat e Hakimi ofereciam largura e capacidade para ganhar a linha do fundo.

Durante este período, Marrocos dispôs de várias situações para marcar, bem dentro da área contrária. Contudo, a incapacidade para finalizar – como aconteceu com Ziyech (3’) ou Belhanda (5’) – e a solidez iraniana adiaram o que parecia inevitável. Destaque para a tripla-oportunidade que teve como protagonistas Ziyech, Belhanda e Benatia que esbarrou na muralha da seleção de Queiroz.

O decorrer do tempo permitiu ao Irão encontrar conforto no jogo. Sem bola, apresentou-se organizado e paciente. Por outro lado, aquando da recuperação da bola, os jogadores de branco disparavam rapidamente para o último terço. Uma equipa que vive entre o aborrecimento e a vertigem.

Estancado o ascendente marroquino, a formação asiática conseguiu chegar ao último terço e criou mesmo a melhor ocasião de todo o primeiro tempo (43’). Um lance que espelha de forma fiel a forma de atuar do Irão: recuperação a meio-campo e transição rápida. Azmoun correu vários metros, entrou na área e atirou para uma boa intervenção de El Kajoui.

Ao contrário da primeira parte, a segunda parte podia ser descrita como um longo bocejo. As interrupções, as lesões – três mudanças forçadas – e as perdas de bola multiplicaram-se. Apenas a anarquia tática marroquina nos últimos quinze minutos, fez os adeptos presentes no Estádio do Zenit São Petersburgo levantarem-se das cadeiras. Belhanda trabalhou bem e serviu Ziyech que disparou forte para defesa segura de Beiranvand (79’).

Renard Hervé arriscou tudo, lançou Bouhaddouz e Manuel da Costa, alterando para um sistema de três defesas. Marrocos não melhorou. Pelo contrário, piorou já que se limitou a bombear bolas para a área contrária.

Numa das raras vezes em que se aventurou no ataque, o Irão chegou à vitória. Um livre lateral de Safi, encontrou Bouhaddouz solto ao primeiro poste e, ao tentar o corte, o avançado do St. Pauli marcou na própria baliza.

Ao fim do terceiro Mundial, Carlos Queiroz conseguiu a primeira vitória no jogo inicial e deixou o Irão a sonhar com a qualificação. Pelo contrário, Marrocos viu o seu regresso ao maior palco do mundo acinzentado pela infelicidade do seu avançado, que pode ser fulcral nas contas finais pela qualificação.