A preparação terminara há instantes, mas Pacheco trocara o percurso do relvado ao balneário pelo itinerário igualmente conhecido que o colocava frente-a-frente com os jornalistas na Sala de Imprensa. Preparava-se para cumprir mais um hábito semanal, a antevisão do jogo seguinte na I Liga, afinal a preocupação imediata do seu Boavista. 

O adversário, feito líder após três jornadas de alta rotação, merecia uma abordagem que o treinador há muito preparara. O discurso obrigatório, a constatação de dificuldades num campeonato cada vez mais competitivo e a garantia de aplicação máxima seria dispensado em breves minutos, sendo trocado por uma sequência de elogios, repartidos entre os seus jogadores e o Braga. 

«O nosso próximo adversário está num bom momento e vai criar-nos dificuldades». Jaime Pacheco resumia tudo a uma ideia gasta por utilizações permanentes, mas acrescentava-lhe uma novidade, um novo dado decorrente das obrigações recentes. «A viagem à Ucânia foi desgastante e os associados do Boavista vão perceber os sacrifícios que temos feito, apoiando-nos ao máximo para conseguirmos um bom resultado». A preocupação seguinte, constatada no treino de hoje, passa pela reabilitação física dos titulares na partida de Poltava. «Os jogadores», explica, «têm de recuperar, pois só assim podem apresentar os seus argumentos». 

Os receios do treinador podem originar trocas avulsas nas opções habituais. A correcção de algo que lhe pareça necessário implicará a opção por jogadores menos utilizados, mas igualmente importantes. «Para mim é doloroso não poder convocar alguns atletas que têm credenciais para ser titulares. O plantel do Boavista é equilibrado, porém só jogam aqueles que estão melhor. Não posso trocar só por trocar». O discurso, comedido, permite conceber mexidas no onze. «Mesmo que tenha decidido mudar algo, não vos posso transmitir, senão o Cajuda ficava a saber», refere. 

«O Braga não me surpreende» 

Jaime Pacheco recorda a tabela da I Liga e encolhe os ombros. Por mais que se esforce, não detecta nada de surpreendente na liderança do Braga, limitando-se a concluir que «joga bem e justifica o lugar que ocupa». «Talvez me surpreenda mais o primeiro lugar do Salgueiros, atendendo à realidade do clube». Dos jogadores contrários, que considera dos melhores, acede a falar de dois, conhecidos dos tempos em Guimarães. «O Edmilson é um daqueles jogadores em vias de extinção: joga bem! E o Riva, que actua como eu gosto, trabalha muito». 

Esta será a segunda vez que o Boavista recebe o Braga desde o arranque da temporada. «Não há jogos iguais, mas já no Torneio Cidade do Porto foi difícil derrotar o Braga», relembra Jaime Pacheco, acrescentando no mesmo fôlego: «Tivemos de pedalar». A previsão de dificuldades, ainda assim, não motiva medos ou receios. «Temo apenas que o Boavista não esteja ao seu nível», finaliza o técnico.