Ao nono jogo do Mundial, a tradição mantém-se. Há, pelo menos, um golo a regalar os olhos. Desta vez foi o de Kolarov. O único a desbloquear o nulo de um jogo com filosofias bem distintas no ataque à vitória.

Celebrou-a a Sérvia, graças a um livre direto de génio do lateral-esquerdo, aos 56 minutos, no arranque do grupo E. Um começo de proa para a seleção dos Balcãs, oito anos depois na fase final da prova. E a deixar a zeros, na ronda de abertura, a grande surpresa do Mundial 2014.

De um lado, o sportinguista Bryan Ruiz no onze. Do outro, Stojkovic e Matic, ex-Sporting e ex-Benfica, também titulares. Além de Zivkovic e Jovic, águias que não saíram do banco sérvio.

De um lado, uma estratégia assente na solidariedade defensiva, à procura de saídas explosivas, com Ureña como referência atacante. Num declarado 5x4x1, a Costa Rica não conseguiu desdobrar-se ao ataque com frequência na primeira parte. Mérito crescente da Sérvia, mais sóbria e consistente com bola no pé. A beneficiar, aos poucos, da abordagem ao jogo.

Aquele que começou vivo, ao ataque. Em quatro minutos, dois cantos para a Sérvia, um para a Costa Rica. Ureña a testar Stojkovic, Mitrovic a assustar do outro lado.

A conseguir soltar-se pelas laterais, sobretudo a esquerda, a Costa Rica cozia por ali o perigo. E teve a melhor ocasião da primeira parte: Calvo cruzou e González, com mais técnica na cabeçada, teria feito o primeiro. Estava só na pequena área.

A Sérvia foi ganhando estabilidade. Ora por cruzamentos, ora por jogadas pelo meio, quase sempre à boleia dos pés de Milinkovic-Savic e Tadic, a tentarem roturas na defesa contrária.

FICHA E FILME DO JOGO

Foi o mesmo Savic a protagonizar um momento soberbo à boca do intervalo (44m) num pontapé de bicicleta defendido por Navas e anulado por fora de jogo, inexistente.

«Los Ticos» tentaram dar mais perfume ao seu jogo no reatamento, mas foi a Sérvia mais perigosa e oportuna. Mitrovic, na cara de Navas, viu o guardião fechar a baliza (50m).

Ideias distintas, objetivo comum. E um jogo que parecia teimar na decisão do detalhe. Gozou dele Kolarov e de um livre soberbo para o 1-0. Bola parada a resolver.

Em desvantagem, a Costa Rica reagiu e beneficiou das entradas de Bolaños e Campbell para um futebol mais apoiado. Sem referência clara na área contrária, já sem Venegas e Ureña em campo.

Após uma primeira parte com 38-62 na posse, a Costa Rica virou por igual esse figurino no segundo tempo (62-38) à boleia dessa resposta na procura do empate.

Sem sucesso, pois pela frente estava uma equipa de estatura mais alta e que conseguiu afastar sucessivas bolas da sua área, causando ainda ocasião para sentenciar. Kostic e Mitrovic obrigaram a Costa Rica a ser faltosa e tudo foi tempo precioso para os europeus segurarem uma entrada gloriosa na Rússia.