A par da fundação filantrópica por si dirigida, com intervenção junto de crianças deficientes da Holanda e da Índia - «sempre com ligação ao desporto» como faz questão de referir ¿ a Escola Superior Johann Cruijff é o projecto que mais tem preenchido o tempo do mítico número 14 a partir do momento em que deixou ¿ definitivamente? - a profissão de treinador.  

O conceito é simples, e coerente com o que sempre defendeu enquanto jogador: quem está dentro do desporto é quem melhor o percebe. Por isso, é dessas pessoas que deve nascer a próxima geração de dirigentes. O curso superior em gestão de sociedades desportivas ¿ já existente em várias cidades espanholas e em Amesterdão, e que brevemente vai ser implantado na China ¿ é uma ferramente de trabalho para chegar a esse objectivo. 

O próprio Cruijff define o contexto que lançou a ideia de um curso virado para os praticantes desportivos: «O desporto é o meio de comunicação de massas mais importante dos últimos anos. Até aqui, tudo bem. O primeiro problema é que evoluiu para uma dimensão que gera muito dinheiro em seu redor. O segundo problema é que ninguém que esteja fora deste universo o conhece verdadeiramente».  

Conhecida a sua vocação crítica, bem como os frequentes atritos mantidos com os dirigentes dos clubes por onde passou, não surpreende o diagnóstico preocupante em relação ao estado actual do futebol e do desporto de um modo geral: «Juntando estas duas coisas, temos uma situação em que as grandes empresas aparecem dispostas a ajudar os clubes ¿ e este ajudar é entre aspas, porque se o fazem não é por altruísmo, mas para se ajudarem a si mesmas ¿ ficando com o poder de decisão e prejudicando aquilo que é o desporto genuíno», alerta.