Morreu esta sexta-feira Carlos Alberto Silva.

O ex-treinador brasileiro que tinha 77 anos tornou-se um nome ilustre do futebol português desde que no início da década de 90 levou o FC Porto ao bicampeonato.

Os títulos nacionais de 1991/92 e 1992/93 são pontos altos numa carreira de 27 anos como técnico de futebol, que passou novamente por Portugal (Santa Clara, entre 2002 e 2004), começou em 1978 no Guarani e terminou em 2005 no Atlético Mineiro.

CAS teve um percurso cheio orientando clubes como São Paulo, Palmeiras, Santos, Cruzeiro, no Brasil, e com outras aventuras no exterior, da Corunha ao Japão (Yomiuri Kawasaki), até à honra de comandar a seleção brasileira que foi campeã nos Jogos Pan-americanos (1987) e medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Seul (1988).

Na memória dos adeptos portugueses ficou sobretudo aquele FC Porto aguerrido e dominador que criou as bases de uma duradoura hegemonia. O FC Porto de CAS, que venceu dois títulos e saiu, fazendo a ponte entre Artur Jorge e Tomislav Ivic, dois técnicos regressados às Antas.

Um FC Porto com Baía, João Pinto, Aloísio, Fernando Couto, André. Com Semedo, Jaime Magalhães, Timofte, Domingos e Kostadinov. Um FC Porto com Paulo Pereira, também, que ainda há uma semana, na rubrica «Destinos 80’s», recordava ao Maisfutebol a personalidade do ex-técnico. «Era muito desconfiado (…) Achava sempre que estavam a falar dele», lembrando em seguida um episódio divertido, em vésperas de um jogo com o Tottenham, em Londres, para a Taça das Taças de 1991/92

«Estávamos a fazer um treino num parque que tinha um rio por perto. Estavam lá uns barcos e umas lanchas paradas e o André, para pegar com o Carlos, começou a dizer alto, para ele ouvir, que uma lancha que lá estava era igual à dele e que ele costumava ir nela de Vila do Conde para o Porto, para os treinos. O Carlos acreditou em tudo! (risos) Ficou a achar que o André era milionário e então depois daquilo estava sempre a dizer-lhe: ‘André, sei que você tem muito dinheiro, mas os títulos é que fazem a carreira de um jogador. Tem de continuar a dar tudo!’»

A última vez que Carlos Alberto Silva falou ao Maisfutebol foi em setembro de 2011 para divulgar o projeto de um centro de treinos de dimensões gigantescas para o futebol de formação numa parceria com o FC Porto.

O projeto de grandes dimensões em Pará de Minas, no estado de Minas Gerais, não chegou para cumprir o sonho de Carlos Alberto Silva de formar jogadores para o FC Porto e para a seleção brasileira.  

Reformado dos bancos, ocupava-se agora de uma agência de turismo em Belo Horizonte, cidade onde morreu. As causas da morte ainda não foram divulgadas.