A meio da época já não jogava. Uma rotura de ligamentos deixara-o agarrado ao joelho. Atirava-o para uma cama de hospital e para um longo processo de recuperação. Álvaro levava as mãos à cabeça. O que faria sem ele? Perdera fibra, via escapar-se talento. Mas não irremediavelmente. O treinador alinhavava a estratégia por outras costuras ainda antes de Pedro Santos retirar os pontos. 

Não precisou de voltar a jogar para motivar o assédio do Boavista. Tinha o contrato a chegar ao fim e nem precisou pensar duas vezes para rubricar as condições que lhe propunham desde o Bessa. O acordo seria formalizado ainda antes do final da época. Surpreendido, João Magalhães, o presidente, cortou relações com o Boavista, depois de o resultado de uma série de investigações o deixar certo de que já nada havia a fazer para segurar Pedro Santos em Barcelos. 

Perfeito. Os primeiros jogos no Bessa davam-lhe a titularidade. Pedro Santos impressionava. Mas só até à chegada de Sanchez, que quase coincidiu com uma lesão. Reclama agora o direito a nova oportunidade, argumentando que não aceitou trocar Barcelos pelo Porto para «fazer monte». Quer jogar e não desiste. Fosse assim tão fácil convencer Jaime Pacheco como responder à questão que Maisfutebol levantava. 

«É simples», sentenciou à primeira abordagem. «Nós, aqueles que saíram, eramos importantes. O Gil Vicente tinha jogadores muito bons». A capacidade de compra do clube que deixara pouco lhe importava, nem foi factor que pesasse antes de arriscar que o equilíbrio não foi conseguido: «Este ano contrataram jogadores que ninguém conhecia. Foram buscar alguns a Cabo Verde». 

O resultado, entre perdas e ganhos, parece-lhe óbvio: «O mister vai ter que trabalhar muito com eles». Crê, contudo, que nenhum método lhe será suficiente para aproximar a equipa do quinto lugar da época passada: «Campanha assim nunca mais o Gil consegue!». Quando muito, poderá escapar à descida. Pedro Santos pede tempo. «Não é fácil formar uma equipa nova», argumenta, instantes antes da confissão: «Fico triste. Gostava de os ver mais para cima». 
 

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