A irreverência sul-americana esbarrou na experiência europeia e num golo de Mbappé, ao minuto 34. Um só a ditar diferenças num desporto que, em suma, vale a eficácia nas contas.

O Peru deu espetáculo, correu, jogou. Deu a vida em campo no grupo C do Mundial. Mas está a zeros. E fora ao fim da segunda jornada, com duas derrotas pela margem mínima.

Depois da Dinamarca, 1-0 ante uma França que até podia ter tranquilizado mais cedo. Isso ou sucumbido a uma pressão incessante do Peru, sobretudo na segunda parte.

Mas se esforço e coração entram na equação, há também a experiência, sentido posicional e tático. E o talento individual. Foi daí que o vice-campeão europeu bebeu para fazer a diferença num jogo de incertezas.

Por isso Deschamps e companhia têm já um lugar nos «oitavos», com duas vitórias tangenciais. Fica por definir o primeiro lugar ante a Dinamarca, ainda não apurada.

Com Giroud e Matuidi a saltarem para o onze, os franceses cedo apanharam um espelho do Peru ao longo do jogo. Adversário inquieto, solto no seu futebol, sem medo de arriscar. Afinal, precisava de pontos. Carrillo e Advincula – quanta velocidade junta – foram quebra-cabeças no corredor de Lucas Hernández.

Mas se mais poder territorial havia do Peru, era a França a assustar. Pogba e Griezmann testaram a atenção de Gallese nos primeiros 20 minutos.

FICHA E FILME DO JOGO

Fora o golo de Mbappé, o Peru teve a melhor ocasião em cada parte. Guerrero quase deu mais para a estatística de melhor marcador da história da seleção: estava Lloris na baliza a negar um golo que surgiria três minutos depois, do outro lado.

Posicionamento, pressão, experiência. Pogba conjugou tudo para saber roubar a bola no meio campo contrário e apanhar os sul-americanos em contrapé. O médio do Man. United serviu Giroud e Mbappé beneficiou de um ressalto em Rodríguez para decidir já sem Gallese na baliza. Depois do mais jovem francês a jogar, é o mais novo do país a marcar num Mundial.

Até ao intervalo, os franceses cresceram com o golo e estancaram as ideias iniciais do Peru. Lucas Hernández quase tranquilizou em cima do apito.

Mas houve margem mínima para a segunda parte e um Peru em notório crescimento com a entrada de Farfán. Homem fresco na frente, equipa com fôlego recuperado e Aquino a ter o 1-1 no pé direito. Uma «bomba» que Lloris ficou a ver. Só o ferro negou a festa.

Na bancada, esperança dos peruanos. Em campo, (muita) vontade, mas pouca eficácia na hora do golo.

Aos franceses, valeu um Umtiti a não largar Guerrero, o estanque Kanté a limpar quase tudo no meio campo e Pogba a contemporizar com classe para as investidas de Mbappé.

O galo pica o Peru e dita futuros distintos no Mundial.