O Sporting empatou a dois golos com o Paris Saint Germain neste sábado, em Alvalade, num jogo que serviu para a apresentação oficial da equipa aos sócios, para a entrega das faixas de campeão, para a estreia de Contreras e para os donos da casa mostrarem capacidade de reacção a uma desvantagem relevante.

Os leões, que certamente esperariam um pouco mais de calor do público depois das demonstrações de dedicação da época passada, entraram com alguma pressa de resolver as coisas e descansar os oito mil que os foram ver. Esbarraram, contudo, numa equipa organizada, que não estava para grandes velocidades e rapidamente foi capaz de impor o ritmo de jogo que mais lhe vinha a calhar.

O 3x4x3 de Bölöni não funcionou como o técnico quereria. Nos primeiros tempos da época passada ensaiou o esquema, mas foi desistindo dele com o decorrer dos jogos. Se as coisas continuarem assim, deverá fazê-lo de novo brevemente. Tello, na esquerda, até esteve acutilante, muito certo nas suas acções e competente nos cruzamentos e nos passes longos. Só que também teve, muitas vezes, que ir ajudar Pepe na meia esquerda. O jovem central do Marítimo entrou à última hora na equipa, depois de Hugo ter integrado o aquecimento, e deu-se mal com a força de Diawara, o avançado do PSG. Quiroga também não estava numa das suas melhores noites.

Num trio de centrais, basta um sentir insegurança para que ela se estenda à equipa. Rui e Paulo Bento terão sentido isso e ficaram demasiado longe dos avançados. Toñito, em princípio encarregue do transporte de jogo, perdeu-se na missão e os dois homens mais adiantados - Niculae e Ronaldo - passaram a jogar a quilómetros de distância do resto da equipa.

O Sporting não criou, por estas razões, qualquer oportunidade relevante com a bola corrida. Ronaldo e Beto falharam cada um o seu golo, depois de um livre e de um canto, mas Niculae, por mais que corresse, não aparecia na zona de tiro.

Estava o jogo neste impasse quando o PSG ganhou um canto, Pepe hesitou, a restante defensiva foi incapaz de o dobrar e Nyarko fez o golo. Merecido não seria, mas pelo modo como as coisas corriam estava a ver-se que podia acontecer a qualquer momento. O Sporting reagiu com pouco ânimo e chegou ao intervalo a perder, arrefecendo uma noite destinada a priori a ser de festa.

Boa reacção

A equipa leonina foi refrescada ao intervalo, mas manteve o esquema táctico. Que continuou a não dar frutos, com a agravante de Paulo Bento ter dado lugar a Pedro Barbosa e por isso os riscos de descompensações no meio-campo terem subido. A ideia era dar maior vocação ofensiva ao conjunto, mas a verdade é que nem por isso os leões se tornaram mais perigosos.

Por volta do quarto de hora da segunda metade, Bölöni trocou o hoje desinspirado Ronaldo (dois remates de longe, um falhanço de cabeça e pouco mais) por Quaresma. Rui Jorge rendeu Niculae e Contreras estreou-se no lugar de Beto.

Foi Ricardo Quaresma o homem que finalmente ajudou a dar uma certa tonalidade ao futebol do Sporting. Longe de cores garridas, mas ainda assim mais interessante que o que se vira até então. Os leões criaram duas ocasiões de golo e entusiasmaram um pouco os espectadores. Num contra-ataque fatal do PSG, no entanto, Nélson cometeu penalty. André Luiz não perdoou e colocou os franceses a vencer por 2-0.

Passou pouco tempo até o treinador do Sporting colocar em campo as duas últimas soluções - Danny e Ricardo Fernandes. Em boa hora eles se juntaram à velocidade entretanto impressa por Quaresma. A quase 20 minutos do final um francês colocou a mão na bola em zona proibida e Rui Bento transformou o seu segundo penalty da pré-temporada.

A redução da desvantagem deu ânimo ao Sporting. Havia pouco tempo para jogar e os riscos num particular são sempre de grau zero, pelo que só valia a pena atacar. Ao minuto 80, Quaresma - quem mais? - arrancou uma falta perto da área e Ricardo Fernandes construiu o melhor momento da noite, batendo o livre de forma irrepreensível, com o pé esquerdo, e fazendo o empate.

Os leões continuaram na frente e o PSG era por essa altura uma equipa sem fulgor físico apesar das substituições. Pedro Barbosa falhou de forma quase inacreditável o 3-2 e ainda houve mais um ou outro laivo de ataque perigoso.

A vitória leonina seria de certa forma injusta para os parisienses e, provavelmente, «perigosa» para o moral de um Sporting que mostrou limitações e ainda procura a melhor forma de jogar sem sentir a falta do pai João e do filho Mário.