É o choro de Neymar. A queda épica de Tite após o golo de Coutinho. A bandeira e o cachecol amarelo e verde ao alto nas bancadas.

Muito disto de um final épico do Brasil-Costa Rica a dar três pontos aos canarinhos. Um Carnaval feliz na compensação a dar triunfo por 2-0, após um ensaio imenso de ocasiões junto da baliza de Navas nos 90 minutos.

Primeiro, foi Phillipe Coutinho (90+1’) a abanar as redes. Depois, Neymar (90+6’) fechou com ouro um triunfo ajustado face ao aval atacante do Brasil, acentuado na segunda parte após meia hora inicial de extrema competência defensiva da Costa Rica. Apesar desta, «Los Ticos» até tiveram melhor ocasião no período inicial.

O Brasil esteve perto de novo empate após o 1-1 ante a Suíça. A acontecer, não seria por falta de vontade, insistência e talento. Ali não falta. Até sobra. Mas os costa-riquenhos, com o sportinguista Bryan Ruiz no onze, não foram presa fácil.

Trancado atrás com um 5x4x1 à procura do isolado Ureña na frente, a Costa Rica foi serena. Tranquila. Confortável, apesar de quase dar de barato a bola ao Brasil, dono e senhor dela em maior parte do jogo.

Mas «Los Ticos» não foram a São Petersburgo só para defender. Precisavam de pontos para alimentar a qualificação e Borges apareceu de rompante após incursão de Gamboa pela direita para um remate a rasar o poste (13m).

Brasil com mais bola, Costa Rica faltosa e bem posicionada. Muitas bolas caídas na área de Navas, sanadas pelos pupilos de Ramírez. Isso e constantes investidas pelo lado esquerdo, onde Neymar era referência.

A insistência canarinha só começou a criar mossa perto da meia hora. Culpa de uma rara perda de bola da Costa Rica em transição, que resultou num golo – bem – anulado a Gabriel Jesus. Depois, foi valendo a visão de Coutinho e o talento de Neymar. Em vão até àquele final.

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E por ele foi preciso esperar mais 45 minutos em que houve ainda mais Brasil e uma Costa Rica à defesa e nula no ataque.

Já com Douglas Costa, ocasiões em cascata foram fenómeno natural: Gabriel Jesus atirou ao ferro (49m), Gamboa salvou o remate de Coutinho logo a seguir (50m), Navas voou para anular Neymar (57m) e Coutinho também não fez melhor de seguida. Tudo isto até à hora de jogo.

Ansiedade crescente. Golos, nem vê-los.

Só depois a Costa Rica voltou a ter algum respiro e Miranda foi decisivo duas vezes a negar a única ocasião contrária no segundo tempo. Nos últimos 20 minutos, só deu Brasil.

Neymar tanto quis colocar que atirou ao lado na cara de Navas (72m) e depois tentou um penálti que Kuipers reverteu com recurso ao VAR. Desespero da estrela do PSG pelo rumo dos acontecimentos.

Navas foi um muro. Toda a Costa Rica foi-o no tempo certo. Mas o filme ainda tinha a fita da compensação e o Brasil nela cortou o nulo e a pressão de uma nação que sintetiza o positivismo de Auguste Comte na bandeira. A atirar «Los Ticos» para fora do Mundial, após os «quartos» em 2014.

Adaptando o filósofo francês, apetece dizer: «O jogo por princípio, a equipa como base e o resultado como fim».