Deixou o futebol português quase há uma década, mas os anos parecem não ter passado pelo corpo de Carlos Alberto Silva. Tem o mesmo ar simpático, a voz pausada e a cara não apresenta sinais de velhice, apesar de já ter dobrado os 60 anos. Viajou do Brasil, aterrou na cidade do Porto, onde fez escala antes de partir para os Açores, naquela que será mais uma etapa na sua carreira, depois de ter conquistado dois campeonatos seguidos no F.C. Porto. Agora, irá treinar o Santa Clara com contrato até Maio e mais uma época de opção.

Recebeu o convite do clube açoriano e não pensou duas vezes: «Conversei com a minha esposa e os meus filhos. Como sabem que adoro Portugal, aceitei. Não vim pelo dinheiro, mas pelo prazer e pela vontade de ajudar», esclareceu o treinador brasileiro que estava ser trabalhar há cerca de um ano, quando abandonou o comando técnico do Guarani para se dedicar aos seus negócios. «Achei que este convite era bom, porque era uma oportunidade de regressar a este país, embora seja uma situação pouco confortável. Não escolhi nada, fui escolhido e estou pronto para fazer o melhor pelo Santa Clara», explicou.

Apesar de já ter deixado o futebol português há cerca de nove anos, Carlos Alberto Silva sabia que o frio e a chuva marcavam presença no nosso país, por isso vestia um longo casaco próprio para as condições climatéricas mais adversas. Aliás, a palavra «adversa» é aquela que melhor se adequa com a situação que irá viver nos próximos tempos: o clube açoriano está na última posição com apenas sete pontos. «Por aquilo que sei, o plantel não reflecte a actual situação, mas tenho vontade de alterar as coisas», sublinhou.

O desafio é duro e o treinador vai observar o jogo entre o Santa Clara e o Boavista, a disputar amanhã, em S. Miguel, a contar para a quarta eliminatória da Taça de Portugal, para se inteirar das necessidades da equipa e conhecer o grupo de trabalho. Maisfutebol apurou que é possível os responsáveis do clube açoriano contratarem um ponta-de-lança, provavelmente brasileiro, já que consideram essa a urgência mais imediata, mas tudo depende do treinador. «Estou contente de estar no Santa Clara, porque vou voltar a trabalhar num país que amo. Espero ser feliz e conseguir os resultados que a Direcção pretende», esclareceu. Ou seja, a permanência o mais depressa possível.