Vitória incontestável (4-1) de um fulguroso União de Leiria sobre um Campomaiorense moribundo. Os alentejanos viram-se surpreendidos pela entrada fulgurante do adversário e um golo madrugador de Bilro dinamitou toda a estratégia que Diamantino Miranda tinha montado para este jogo. O técnico do Campomaiorense ainda procurou corrigir o erro, semeando avançados na área de Costinha, mas o problema da equipa de Campo Maior revelou-se muito mais profundo. 

Diamantino surpreendeu ao deixar Jorginho e Laelson no «banco» e apostando em Filipe Azevedo como único avançado. A estratégia era clara. O técnico do Campomaiorense pretendia uma equipa de combate com prioridade em defender e, se fosse possível, procurar a sorte num contra-ataque. Manuel José apresentou o seu esquema habitual. Uma equipa extremamente maleável que procura explorar a velocidade dos seus homens mais adiantados. Aos dois minutos, o União já vencia com um golo de Bilro revestido de sorte. Na marcação de um livre, descaído para a esquerda, o capitão do Leiria cruzou para a área. Foram vários os jogadores que se aproximaram da bola, mas no meio de simulações e hesitações, ninguém a tocou e esta seguiu imaculada para as redes de um consternado Poleksic. 

Um golpe de sorte que o União encarregar-se-ia de demonstrar que o mereceu. Nos minutos seguinte seguiu-se um verdadeiro festival de oportunidades. Bilro subia bem na direita, permitindo que Vouzela reforçasse o centro do terreno. Na frente Krpan e Derlei trocavam constantemente de posição, baralhando por completo as marcações dos alentejanos. João Manuel surgia pelo centro, vindo de trás, transformando a defesa do Campomaiorense num verdadeiro passador. A equipa de Diamantino ainda não tinha esboçado uma reacção e a baliza de Costinha parecia um objectivo inalcançável. O Leiria continuava a carregar e o segundo golo era cada vez mais inevitável. Derlei entrou pela esquerda com espaço e rematou forte e cruzado para defesa apertada de Poleksic. O guarda-redes do Campomaiorense não segurou o esférico e, na sobra, surgiu Krpan a atirar para as suas redes. 

Simples e eficaz. O vencedor parecia decidido faltava apenas saber por quantos golos. Diamantino Miranda, perante a falta de reacção da sua equipa, resolveu intervir directamente lançando Laelson e Jorginho para a frente de ataque. O Campomaiorense passou a actuar em 4x3x3 e conseguiu, desde logo, algum equilibrio na partida. Com bolas bombeadas da defesa, os avançados do Campomaiorense corriam a toda a largura do terreno, obrigando o Leiria a recuar e a fixar os seus audaciosos laterais. Numa jogada de insistência, Patacas ultrapassou Nuno Valente na área e foi derrubado pelo mesmo. Filipe Azevedo converteu o castigo máximo e tudo voltou a parecer possível. As alterações de Diamantino pareciam ter tido efeito imediato. 

Ilusões. O Leiria voltou a carregar sobre a área adversária, agora menos guarnecida, e os alentejanos voltaram a afogar-se numa letargia incompreensível. Após uma bela iniciativa de Luís Vouzela, João Manuel atirou frouxo para as mão de Poleksic. Bilro voltou a experiementar a sua sorte, atirando de longe mas, desta vez, o guarda-redes jugoslavo mostrou-se atento. À beira do intervalo o Leiria chegou finalmente ao anunciado terceiro golo. Derlei entrou pela direita, atrasou para Vouzela que simulou e deixou a bola à mercê do remate de Bilro. O lateral atirou em jeito e colocou a bola onde Poleksic nunca poderia chegar. 

O Campomaiorense entrou para o segundo tempo da mesma forma que iniciara o primeiro. Lento quase a morrer. O Leiria procurou facilitar a missão do adversário, abrandando o seu ritmo ofensivo e oferecendo a iniciativa ao adversário. Mas este, inexplicavelmente, recusou-a. Optou pelo jogo feio, de pontapé para a frente e uma sucessão de faltas desnecessárias que só contribuiam para a passagem dos minutos. Diamantino prosseguiu com a sua terapia de choque semeando mais um avançado (Detinho) na área do Leiria. Os alentejanos jogavam agora em 4x2x4, mas a bola raramente chegava aos últimos quatro que também não faziam muito por a ir buscar. 

As melhores oportunidades continuaram a pertencer ao Leiria. Derlei quase marcou após assistência de Nuno Valente, Éder atirou à barra na marcação de um livre directo e, finalmente, Derlei acertou nas redes de Poletsik. A jogada começou, mais uma vez, em Bilro que, com espaço, desceu pelo corredor direito e cruzou para a área. João Manuel amorteceu de cabeça e Derlei, sem deixar a bola tocar no chão e de forma acrobática, fuziou as redes do Campomaiorense. Simples e eficaz. O Campomaiorense manteve, impávido e sereno, a mesma atitude até final e foi o Leiria que voltou a estar muito perto de novo golo. Krpan cruzou da esquerda, Derlei não chegou e Tiago rematou por cima. 

Vitória categórica da equipa de Manuel José que, assim, consegue quebrar um ciclo de empates e subir na tabela classificativa. Castigo leve para a exibição do Campomaiorense que miraculosamente lá se vai aguentando acima da linha de água mas com a despromoção sempre à vista.