O Casa Pia cumpre uma rotina compatível com um clube que não é cem por cento profissional. A equipa sénior treina uma vez por dia, às 18.30 h, com folga à terça-feira. Só quatro jogadores têm o estatuto de profissional. O plantel de 24 futebolistas, com uma média de idades de 24 anos, é constituído por portugueses, com excepção de um angolano, o «único estrangeiro». 

Grande parte dos jogadores vêm das camadas jovens, mas nunhum foi aluno da Casa Pia. Se não se dedicam exclusivamente ao futebol, é imperativo ter outras profissões: fiel de armazém, agente de seguros, professores de educação física, até um polícia... e há dois estudantes universitários. Os ordenados mais altos no Casa Pia rondam os 150 contos, mas há quem receba menos. 

«O principal objectivo é a manutenção na II Divisão B», garante o treinador 

O treinador Carlos Eduardo, de 33 anos, está à frente da equipa principal há 3 anos.Divide-se entre a educação física e o Casa Pia, onde coordena todo o futebol. Já foi profissional, jogando no Belenenses, no Estoril e no Santa Clara. Dá aulas na escola básica 2-3 dos Olivais, porque gosta «e dá alguma estabilidade profissional». O interesse dos alunos é um estímulo para continuar com os dois cargos. 

Está satisfeito com o jogadores que tem, porque os escolheu, e já estão juntos há três anos. «O plantel está equilibrado, até porque estamos num nível competitivo diferente», esclarece. Só entraram seis jogadores novos, por isso o grupo mantém-se coeso. A equipa está neste momento em 15º lugar na II B, mas o objectivo é subir na tabela, e a posição actual será apenas «passageira»... «O plantel é jovem e ainda andamos à procura de alguma tranquilidade, mas não é facil gerir jogadores que vêm treinar depois de oito horas de trabalho», diz o treinador. 

O único treino por dia é obviamente pouco para o nível que o campeonato exige. No entanto, Carlos Eduardo garante que todos os jogadores têm «uma atitude cem por cento profissional».  

O jogo com o Marítimo é encarado com tranquilidade. «Este jogo não é diferente dos outros. A nossa grande aposta é a manutenção na II Divisão B. Vamos encarar a viagem à Madeira como uma festa e vamos lá para nos divertirmos», diz o treinador. «O Marítimo vai apresentar-se de smoking e nós, como pessoas humildes, temos de ir de fato-macaco». 

Carlos Eduardo confessa que o ideal seria trazer o jogo para Pina Manique, como um prémio para os sócios. E ganhar? «Temos noção de que há uma forte tendência para um dos resultados... mas uma surpresa poderá ajudar para o futuro». 

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