Um Benfica sem vida, sem estrutura, sem sistema e sem futebol foi eliminado da Taça de Portugal na Luz pelo Gondomar, da II Divisão B, no primeiro jogo que fez. Em desvantagem muito cedo, o Benfica dominou o jogo, rematou muito mas nunca jogou bem. E o Gondomar fez mais, bem mais, do que marcar um golo.

O resultado ficou decidido cedo, logo aos dez minutos. Até aí o Benfica nada tinha feito, a única oportunidade de golo tinha pertencido ao Gondomar, numa oferta de Armando a Cílio que Nuno Santos compensou com uma boa defesa. Enfim, o jogo estava no início, o Benfica jogava em pirilau (a táctica popularizada por Autuori, um 4x2x2x2 sem extremos, género tudo ao molho e fé em deus), estaria ainda a perceber o que fazer, havia que dar o benefício da dúvida, dez minutos é pouco tempo.

Chegou, no entanto, para Cílio, num livre directo fantástico, inaugurar o marcador. Fosse pelo golo sofrido cedo, pela pressão de estar a perder na Luz perante uma equipa da II Divisão B, pela táctica estranha, pela ausência de Tiago e Simão - actualmente os melhores jogadores do Benfica -, a equipa de Jesualdo Ferreira não conseguiu atacar em condições.

Atacava muito, é verdade, mas não atacava bem. Roger era o único a espevitar a equipa, mas até sair lesionado, à meia-hora, apenas um remate que fez de muito longe e um cabeceamento de Fehér andaram perto do golo.

Com a saída do brasileiro o Benfica ganhou um extremo - entrou Drulovic, mas convinha jogar com dois, para ter a equipa equilibrada - mas perdeu o melhor elemento em campo. O Gondomar defendia muito atrás, mas parecia ter sempre dois jogadores em cima da bola. Os benfiquistas, mesmo quando recebiam a bola na área ou lá perto, ficavam sem tempo para visar a baliza em condições. Para não falar dos tantos passes interceptados e centros cortados. Os visitantes tentavam aproveitar a rapidez dos jogadores mais adiantados, mas nos primeiros 45 minutos os seus contra-ataques foram invariavelmente travados por foras-de-jogo.

A lesão do outro extremo

Ao intervalo Jesualdo Ferreira ia fazer entrar o outro extremo, Carlitos, mas o número 18 lesionou-se no aquecimento. O treinador preferiu lançar Mantorras em vez de Miguel e ao fim de um minuto o angolano conseguiu ver um cartão amarelo.

O Gondomar entrou melhor, mais adiantado no terreno, e Cílio acertou nas malhas laterais aos 51 minutos. Três minutos depois, finalmente uma verdadeira ocasião para os encarnados, com Fehér a cabecear ao poste.

E depressa se entrou no ritmo da primeira parte, com o Benfica a tentar o óbvio e o Gondomar a agradecer. Nuno Gomes, de cabeça, esteve quase a marcar, mas a bola foi tirada sobre a linha. Nuno Claro defendia o resto, enquanto na outra baliza o poste e a falta de pontaria de Quim evitavam que o escândalo fosse maior. Nem a expulsão de Paulinho - o Gondomar ainda jogou 15 minutos com dez - abalou a consistência da equipa.

Depois da expulsão, o Gondomar abdicou de vez do ataque, mas em boa verdade o Benfica já tinha feito o mesmo muito antes. Nas bolas bombeadas para a área lá apareceu um ou outro lance de perigo, mas nenhum de futebol.