Com a Arábia Saudita e o Egito já eliminados do Mundial 2018, Mohamed Salah perfilava-se como o cabeça de cartaz de uma festa de despedida que à partida teria poucos convidados, com Salem Al Dawsari a tornar-se o intruso de um momento especial para El Hadary & Ca. O guarda-redes tornou-se o jogador mais velho a participar num Campeonato do Mundo, com 45 anos, mas viu Salem atirar a contar no último suspiro da partida e dar o três pontos à seleção saudita.
A partida era especial sobretudo para o guardião egípcio, que não quis defraudar as expectativas e mostrou-se à altura do acontecimento, com um pénalti defendido – e outro sofrido – e um par de defesas de alto nível, exibindo uma forma invejável para um homem que caminha a passos largos para cumprir meia centena de primaveras.
A jogar pela honra e pelo orgulho, Salah quis adocicar uma partida que apesar de festiva, tinha um sabor amargo, e logo aos 22 minutos protagonizou um dos momentos da tarde, quando foi lançado por El Said nas costas da defensiva saudita, e perante a saída do guardião adversário, atirou a contar com um belo chapéu.
Os faraós apoiavam muito o seu jogo na velocidade do avançado do Liverpool, que pouco depois esteve perto de repetir a dose, num lance em tudo idêntico ao golo, mas desta feita o chapéu de Salah saiu ao lado da baliza de Al Mosailem.
Os sauditas, sempre fiéis ao seu estilo de jogo, trabalhavam mais a bola, apesar das limitações evidentes de alguns dos seus intérpretes e foram recompensados por isso, não sem antes brilhar El Hadary, com um pénalti exemplarmente defendido a Fahad, em cima do intervalo.
A bola não entrou à primeira, mas entrou à segunda. Momentos depois, novo castigo máximo apontado pelo juiz da partida, que Salman Al Faraj tratou de converter e restabelecer a igualdade em cima do intervalo.
O Egito foi-se desligando do jogo, com um Salah, habitualmente enérgico e eletrizante, algo apático, e os sauditas foram crescendo no jogo, com El Hadary a brilhar em grande escala. O guardião evitou o tento saudista aos 70 minutos, com uma dupla defesa de grande qualidade, mas apenas adiou aquilo que se confirmou no último suspiro do encontro, quando Salem Al Dawsari aproveitou o enorme espaço concedido dentro da área e bateu El Hadary pela segunda vez, para enorme desilusão do guardião egípcio.
Antes da partida, Salah e El Hadary partiam como cabeças de cartaz, mas foi o intruso Al Dawsari a atirar os egípcios para fora do «palco» e dar os únicos três pontos do conjunto asiático na prova, que voltou a vencer num Mundial 24 anos, depois da última vitória ter sido em 1994, nos Estados Unidos. Já o Egito despede-se da Rússia com zero pontos na mala e continua sem vencer em Campeonatos do Mundo.
