Nuno Gomes

O avançado estava com saudades de festejar (golos) e não podia existir melhor ocasião para fazê-lo. Nuno Gomes regressou à competição há dois jogos. Fez alguns minutos no jogo frente ao Nacional e foi titular frente ao Gil Vicente. Nessas partidas mostrou vontade e trabalho, mas a pontaria não o acompanhou. Antes da entrada no estádio, muitos foram os adeptos que ouvimos dizer desejarem ver o camisola 21 marcar nesta inauguração da Luz. Nuno Gomes fez-lhes a vontade e marcou não um, mas dois golos. Pode dizer-se que foi uma noite feliz para o avançado, mas a verdade é que merece entrar na história por marcar o primeiro golo deste recinto. Pelo que fez hoje, pelo que fez desde que representa o Benfica, pelo sofrimento e pelo empenho na sua recuperação. Saiu aos 62 minutos para a ovação do público... Inteiramente merecida.

Geovanni

Endiabrado. Foi assim que Geovanni esteve esta noite. Hoje era dia de festa e o brasileiro quis «vestir o seu melhor fato». O extremo correu que nem um louco. Foi um quebra-cabeças para os uruguaios. Atacou e não se esqueceu de defender. Há uns tempos que não assistíamos a «este Geovanni». A forma física do jogador estava a atraiçoá-lo, mas parece que o extremo quer mostrar que está de volta e que Camacho pode contar com ele.

Roger

Esteve perto de marcar um golaço daqueles! O cronómetro marcava 72 minutos e o brasileiro tentou o remate directo na marcação do canto. A bola bateu na esquina da baliza. Azar. A verdade é que o avançado entrou muito bem no jogo. É pena que seja inconstante nas suas exibições porque Roger, quando está bem, é daqueles jogadores que nos convidam a ver futebol. Joga rápido e bonito, um estilo que nem sempre o favorece, já que o futebol português troca-lhe as voltas às fintas. Hoje foi noite sim para o brasileiro. Ter uma equipa sul-americana pela frente, que não marca tanto em cima, favoreceu-o.

Coelho

Rápido e raçudo. Foi essa a impressão que nos deixou o jogador do Nacional Montevideu. Houve momentos em que mais pareceu lebre tais foram as voltas que deu aos jogadores adversários. Tentou estar sempre em cima da jogada e desistência foi coisa que não vimos no que toca ao número 7 uruguaio. Mostrou o seu sangue quente, típico dos sul-americanos, mas nada que tenha manchado a sua exibição.

Albin

Um criativo. Fazendo jus à camisola 10 que enverga, Albin tentou organizar jogo, sem ser demasiado rígido no seu posicionamento. Jogou a toda a largura do campo e esteve onde achava ser preciso. Mostrou-se atento no acompanhamento das jogadas e inteligente no lançamento e concretização dos lances atacantes. Não foi muito simpático para Pedro Proença, aos 29 minutos. O árbitro impediu-lhe a visão sobre uma jogada e Albin não foi de modas, deu um empurrão ao juiz da partida que nem viu de onde veio.

Novo inferno da Luz

Claro que não podíamos deixar de destacar o ambiente vivido no primeiro dia de vida do estádio. Vamos esquecer, por momentos, o tempo de espera para entrar no recinto, os torniquetes de segurança pouco eficazes, a chuva, as coisas que correram mal... Antes de entrar já se pensava estar num inferno, pelo menos os que apanharam os momentos mais concorridos das entradas. Depois de entrar deu-se, por certo, o dilema. Paraíso ou Inferno? A obra é realmente magnífica, mas ver um estádio cheio (nos tempos que correm) é maravilhoso. Num exercício de memória, e se deixássemos as tecnologias de lado, quase podíamos jurar que a velha Luz ainda vive. Lembrámo-nos de jogos de outras épocas em que o entusiasmo invadia a nação benfiquista. Sentimos que já não estamos atrás dos outros. Quem foi assistir à primeira mão da eliminatória da Liga dos Campeões frente à Lazio deve ter ficado, pelo menos, entusiasmado com o Estádio Olímpico de Roma. Nessa altura sentimos estar num outro mundo a que não conseguíamos pertencer. Engano. Puro engano. Ainda há retoques a fazer, mas uma coisa é certa, os novos estádios colocam-nos nesse tal mundo que pensávamos inatingível. Falamos de infra-estruturas, claro. Agora há que trabalhar outros sectores, mas isso agora não interessa nada. Importante é a festa e essa foi bonita. Luz, cor, som e massa humana juntaram-se para uma noite de gala.